quarta-feira, 25 de junho de 2014

Eli Wallach

Soube hoje da morte do grande ator americano Eli Wallach, aos 98 anos. Ficou famoso ao interpretar papéis de bandidos mexicanos nos clássicos Sete Homens e Um Destino (1960), de John Sturges, e Três Homens em Conflito (1966), de Sergio Leone. Fica aqui a lembrança do blog.

Ator interpretou Calvera, em Sete Homens e Um Destino

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sissi

Bela e talentosa, a atriz Romy Schneider alcançou fama internacional em Sissi (idem, Áustria, 1955), história da jovem monarca austríaca Elisabeth. O filme teve duas continuações, formando uma trilogia: Sissi, a Imperatriz (1956), e Sissi e Seu Destino (1957). A romântica saga foi dirigida e roteirizada por Ernst Marischka.

Em 1853, a arquiduquesa Sofia (Vilma Degischer) procura uma esposa para o filho Franz Joseph I (Karlheinz Böhm). A escolhida é a princesa Helena da Baviera (Uta Franz), prima de Franz e irmã mais velha de Sissi (à época, Romy tinha 17 anos). Franz, ignorando a verdadeira identidade de Sissi, apaixona-se pela jovem. Após saber quem é a heroína, rompe o noivado com Helena e declara, publicamente, o desejo de se casar com a outra prima.

A decisão contraria a mãe de Sissi, princesa Ludovica da Baviera (Magda Schneider, mãe de Romy na vida real). Sobretudo, enfurece Sofia, que vê em Sissi apenas uma adolescente mal-educada, incapaz de assumir o trono de Viena. Só a persistente vontade do imperador pode garantir o futuro do casal.

 Romy Schneider alcançou fama na inesquecível trilogia

A ingenuidade, digamos, de Sissi é compensada pelo carisma. Por onde passa, a personagem parece quebrar os dogmas comportamentais da corte dos Habsburgo, dinastia que tem os dias contados na Europa das revoluções do século 19 e da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Num momento inicial, pode parece apenas uma obra amorosa, de cenários deslumbrantes e piadas leves, em clima de opereta e de valsas de Strauss. Mas Sissi, indiscutivelmente, é mais do que isso. Marischka procurou retratar – sem rígida fidelidade – um período da história austríaca. Menções ao niilismo, a atos de terrorismo, à problemática das nacionalistas (húngara, croata etc.) proporcionam à película componentes políticos relevantes.

PS: Minha mãe, Noecy, a quem devo muito do meu gosto pelo cinema, era fã da trilogia de Sissi. Aliás, como se vê, com razões de sobra.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Golpe de 1964

O golpe militar no Brasil completa hoje 50 anos, sem a punição dos assassinos e torturadores a serviço do regime. Quero destacar um ótimo filme, que ajuda a compreender o período – que jamais deve ser esquecido – da ditadura militar: Pra Frente, Brasil (idem, Brasil, 1982), dirigido por Roberto Faria. Arbítrio, tortura, homicídio, participação de empresários na máquina repressora são aspectos abordados na obra.

Em 1970, ano da Copa no México, Jofre (Reginaldo Faria) é confundido com um "subversivo". Preso, passa por sucessivas sessões de tortura. O principal algoz é o sádico – o sádico – Barreto, interpretado por Carlos Zara. O irmão de Jofre, Miguel (Antônio Fagundes), e a mulher dele, Marta (Natália do Valle), tentam descobrir o paradeiro da vítima.

Pra Frente, Brasil é referência para compreender o período da ditadura

Inicialmente, a película foi censurada pelo regime. Posteriormente, foi liberado pelo Judiciário. Passou nos cinemas em 1983.

terça-feira, 18 de março de 2014

A Volta ao Mundo em 80 Dias

Uma das melhores adaptações para o cinema da obra do francês Júlio Verne (1828-1905) teve David Niven e Cantinflas nos papéis principais. Codirigido por Michael Anderson, Kevin McClory e Sidney Smith, A Volta ao Mundo em 80 Dias (Around the World in Eighty Days, Estados Unidos, 1956) diverte o espectador do início ao fim.

No ambiente vitoriano do século 19, Niven é enigmático e fleumático cavalheiro inglês Phileas Fogg, que tem sua rotina diária rigidamente prevista e cronometrada.  O personagem integra o austero Clube Reformador, onde passa o dia jogando cartas. Ele aposta com colegas de baralho que é possível, com o avanço dos meios de transporte, percorrer a Terra em 80 dias. À época, façanha inimaginável, menos para o determinado Mr. Fogg. Acompanhado pelo incrédulo criado Passepartout, interpretado pelo comediante mexicano Cantinflas, Fogg inicia a longa jornada. Se fracassar, perderá sua fortuna.

David Niven interpreta Philleas Fogg e Cantinflas, Passepartout

O itinerário dos heróis não corresponde examente ao livro, mas isso não enfraquece em nada a película. Londres, canal de Suez, Bombaim, Calcutá, Hong Kong, Yokohama, São Francisco, Nova York, Londres. Balão – isto não tem no texto de Verne –, trem, navio, elefante são utilizados para levá-los à frente.

O impávido Fogg e o intrépido Passepartout enfrentam perigos e contratempos, muitos capazes de inviabilizar a meta. Com coragem, inteligência e muito dinheiro, ambos avançam por dimensões continentais, enquanto o tempo escorre. No caminho, ganham a companhia da jovem princesa indiana Aouda (Shirley MacLaine) e do inspetor Fix (Robert Newton), que, sem revelar seu segredo, persegue Fogg por supô-lo ladrão de banco.

Marlene Dietrich, John Carradine, Frank Sinatra, Peter Lorre e Buster Keaton participam do elenco dessa superprodução. A Volta ao Mundo em 80 Dias venceu em cinco categorias o Oscar de 1957: melhor filme (concorreu com O Rei e Eu e Os Dez Mandamentos), montagem, roteiro adaptado, trilha sonora e fotografia.

quarta-feira, 5 de março de 2014

A Marca do Zorro

O astro Tyrone Power é o protagonista de A Marca do Zorro (The Mark of Zorro, Estados Unidos, 1940), sucesso de público e crítica. A obra, dirigida por Rouben Mamoulian (O Médico e o Monstro, versão de 1931), é remake do filme mudo, estrelado por Douglas Fairbanks, em 1920.

A história transcorre na Califórnia, no século 19. Power interpreta don Diogo Vega, filho de um rico fazendeiro. Após retornar da Espanha, Diogo encontra seu povo oprimido pelo novo governo. Castigos corporais e impostos exorbitantes fazem parte do cotidiano.

Diogo decide defender a população contra o arbítrio estatal. Assim, assume a identidade de Zorro, fora-da-lei que combate a tirania. Finge afetação, a fim de evitar suspeitas. Vestido de negro, com o rosto coberto, Zorro empunha a espada da justiça. 


Filme, lançado em 1940, foi sucesso de público e crítica

No ritmo de trepidantes cavalgadas, o personagem enfrenta contra os soldados e apaixona-se pela bela Lolita Quintero (Linda Darnell), sobrinha do... governador don Luis Quintero (J. Edward Bromberg). O principal adversário de Zorro é o capitão Esteban Pasquale (Basil Rathbone, um dos grandes vilões do cinema, sobretudo quando se trata de capa e espada). O duelo de esgrima entre os dois representa o momento mais aguardado da película.

A Marca do Zorro conduz imediatamente ao longa As Aventuras de Robin Hood (1938), com Errol Flynn. As presenças de Eugene Pallette e Rathbone, respectivamente, frei Tuck e  sir Guy de Gisbourne em Robin Hood, e o tema da luta do povo contra a opressão do governante fundamentam o paralelo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O Mais Longo dos Dias

O tema é grandioso. O elenco, idem: John Wayne, Robert Mitchum, Henry Fonda, Richard Burton, Mel Ferrer, Sean Connery, Rod Steiger, Edmond O'Brien, Peter Lawford, Robert Ryan, Sal Mineo, Arletty. O Mais Longo dos Dias (The Longest Day, Estados Unidos, 1962) mostra a dramaticidade e a dimensão do Dia D, a invasão aliada da Normandia, em 6 de junho de 1944, dando início à libertação da França ocupada pelos nazistas.

A superprodução teve três diretores: Ken Annakin, responsável pela parcela britânica; Andrew Marton, pela americana; e Bernhard Wicki, pela alemã. Entre os roteristas, o jornalista Cornelius Ryan, autor do livro – homônimo – que originou o filme, autêntico épico.   O Mais Longo dos Dias venceu o Oscar nas categorias de efeitos especiais e fotografia preto e branco.

A Segunda Guerra Mundial atrevessa o penúltimo ano. Na frente oriental, o Exército Vermelho avança. O colosso soviético esmaga a Wehrmacht, que, ao recuar, deixa rastro de morte, destruição e crimes. No lado ocidental, os aliados buscam uma nova frente. O local escolhido foi a região da Normandia, no Norte da França, a fim de quebrar a Muralha do Atlântico e acelerar o colapso do Terceiro Reich.

A película, de 178 minutos, retrata com precioso realismo a maior operação anfíbia da história.  O assombroso aparecimento da frota aliada no horizonte; as tropas de assalto desembarcando sob fogo intenso; a feroz luta na praia de Omaha e no rochedo de Pointe du Hoc; os paraquedistas que caem no meio da cidade de Sainte-Mère-Église – um deles fica pendurado no telhado da igreja. Estas e outras cenas são conduzidas com maestria, expondo a crueza dos combates e elementos humanos que coexistem no calor da batalha – coragem, medo, audácia, determinação.

Dia D foi levado às telas em superprodução de 1962

As melhores sequências de O Resgate do Soldado Ryan (1998), de Steven Spielberg, ocorrem no momento nas areias normandas. Com recursos modernos, Spielberg recria, de forma sensacional, o desembarque aliado.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Lola Montès

Lola Montès (Lola Montès, França, 1955), do diretor alemão Max Ophuls, causou perplexidade quando foi lançado. Narrativa barroca e fragmentada, o drama desenha a trajetória da dançarina exótica e cortesã do século 19 Lola Montez (Martine Carol), que colecionou amantes como outras arrecadam joias. O compositor Franz Liszt e o rei da Baviera Luís I estão no rol das conquistas mais conhecidas.

A história de Lola é contada em um picadeiro, desde a adolescência difícil até o apogeu e queda. O mestre de cerimônias, interpretado por Peter Ustinov, afirma que a personagem, mulher dotada de extrema beleza, é mais perigosa do que qualquer fera enjaulada no circo. Autêntica femme fatale, ela sabe utilizar a sedução para sobrevivier e triunfar na vida.

Vida da famosa dançarina foi contada em um picadeiro

Por padrões conservadores – mesmo atuais –, a vida de Lola feriu padrões de comportamento. Além da existência amorosa agitada, provocou polêmica ao adotar o estilo flamenco e  fumar charutos – foi a primeira mulher na Europa a consumir os cubanos. Assim como astros da música pop, Lola sabia que o escândalo, a provocação, também gera dinheiro.

As cenas que envolvem Lola e o monarca são marcantes. Merecem menção duas. Primeiro, aquela em que o governante escolhe, com critério sui generis, o artista que pintará o quadro da musa, nomeada condessa de Landsfeld. Depois, a da agitação revolucionária de 1848, a chamada Primavera dos Povos.

Max Ophuls, nascido Maximillian Oppenheimer  em 1902, na Alemanha, foi um grande esteta do cinema, da mesma maneira que Luchino Visconti. Tal qual o italiano,  dedicou-se ao teatro. Ophuls assinou clássicos da tela, como Carta de Uma Desconhecida (1948) e Coração Prisioneiro (1949). Com o advento do nazismo, saiu da Alemanha. Lola Montès foi seu último filme.