sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Era Uma Vez no Oeste

Charles Bronson, Henry Fonda, Jason Robards e Claudia Cardinale lideram o elenco do western Era Uma Vez no Oeste (Estados Unidos-Itália, 1968), obra-prima do diretor italiano Sergio Leone. Com outros dois títulos, Quando Explode a Vingança e Era Uma Vez na América, compõe uma trilogia.

Repelido pela crítica mais conservadora, que o estimou arrastado, se impôs como referência no gênero. O clima operístico de algumas passagens em nada diminui os méritos do trabalho. A música cativante de Ennio Morricone impregna o longa.

Estradas de ferro cortam os Estados Unidos. Nesse ambiente de transformação, quatro personagens se encontram. Frank (Fonda), pistoleiro contratado pelo dono da ferrovia; Harmônica (Bronson), homem que busca vingança; Cheyenne (Robards), bandido; e Jill McBain (Claudia), ex-prostituta, viúva de um proprietário de terra morto por Frank. Jill tenta proteger seu torrão. Harmônica e Cheyenne a ajudam.

O filme é fértil de cenas inesquecíveis. Uma delas, erótica, ocorre quando Jill e Frank, que a princípio quer assassiná-la, se acariciam na cama – o busto da bela arfa.

Outra, claro, é o duelo final. Bronson, de face pétrea, e Fonda, de olhar impassível, têm contas a ajustar. O motivo será descoberto instantes antes do confronto, momento sublime da película. A melodia, o sol, o movimento de estranheza e aproximação dos oponentes – cada detalhe eleva a qualidade do desfecho.

Bronson (E) e Fonda no duelo final


Última consideração. De certa maneira, Era Uma Vez no Oeste lembra um aspecto de Os Brutos Também Amam (conferir postagem). Assim como o clássico de George Stevens, o progresso elimina forças sociais arraigadas. No caso, o homem que vive pelas armas. E morre por elas.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Doze Homens e Uma Sentença


Drama que mantém a tensão do início ao fim, Doze Homens e Uma Sentença (Estados Unidos, 1957), trabalho de estreia do cineasta Sidney Lumet (Serpico e Um Dia de Cão), debate o problema da aplicação da justiça. Indicado para os cursos de graduação em direito, mostra a força da dúvida na formação do veredicto do júri.

Nova York, dia de forte calor e chuva. A ação transcorre praticamente toda dentro da sala onde 12 homens, o Conselho de Sentença, deliberam sobre o destino de um jovem, acusado de matar o pai. Caso condenado, execução na cadeira elétrica. A pena só será aplicada se, por unanimidade, for considerado culpado.

Momento da votação. Onze classificam o rapaz de parricida. Um, o arquiteto Davis (Henry Fonda), tem dúvida. A partir de então, com o uso da razão, começa a convencer os pares e a mudar o placar. A incerteza, por princípio, beneficia o réu.

Fonda (de pé) convence

Obra inquietante, tem três cenários: a área da entrada do tribunal, o espaço de audiências e a sala do júri. Além da condução impecável de Lumet, se beneficia da qualidade do roteiro e de atuações arrasadoras, sobretudo de Fonda, Lee J. Cobb (o mais feroz opositor de Davis) e Jack Warden. 

No ano da produção, o longa ganhou o Urso de Ouro, o prêmio de melhor filme do Festival de Berlim. Na edição do Oscar de 1958, perdeu para A Ponte do Rio Kwai, a primeira superprodução de David Lean. Em 1997, houve uma versão para a TV de Doze Homens e Uma Sentença, com Jack Lemmon.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Pérfida


A atuação de Betti Davis em Pérfida (The Little Foxes, Estados Unidos, 1941) é contundente. O filme, elogiado trabalho do diretor William Wyler (Os Melhores Anos de Nossas Vidas, A Princesa e o Plebeu, Ben-Hur), revela, de forma visceral, a maldade e a ambição de três irmãos. A história é de Lillian Hellman.

No Sul dos Estados Unidos, em 1900, os irmãos Regina Giddens (Betti), Ben Hubbard (Charles Dingle) e Oscar Hubbard (Carl Benton Reid), produtores de algodão, querem firmar contrato com um industrial de Chicago. Os três desejam trazer a fábrica para perto da lavoura, o que possibilitará aumento dos lucros. A mão de obra local, bem mais barata do que de Estados nortistas, representa forte atrativo para os investidores.

Porém, os irmão não têm o dinheiro necessário para fechar o negócio. A fim de obtê-lo, o rico e cardiopata  marido de Regina, Herbert Marshall (Horace Giddens), contrário ao investimento, será enganado pelas raposas.


Herbert Marshall e Betti Davis

Duas cenas merecem atenção especial.

Primeira: Oscar e o filho conversam no banheiro enquanto se barbeiam. Os dois combinam furtar ações de Harace.

Segunda: no meio de um ataque, Horace quebra o vidro de remédios. Ele suplica à esposa que busque outro frasco. Regina, impassível, nada faz.

O tema do mal era conhecido de Wyler. Em 1939, ele assinou uma das versões cinematográficas do romance O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë. O livro é retrato impressionante da perversidade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A Malvada

Drama de notáveis qualidades, A Malvada (All About Eve, Estados Unidos, 1950) ganhou o Oscar de 1951 na categoria de Melhor Filme. Com direção e roteiro de Joseph L. Mankiewicz, a obra tem nos diálogos – ácidos e cínicos – e nas atuações de Bette Davis, Anne Baxter e George Sanders seus pontos mais fortes. Mankiewicz assinou, entre outros, Júlio César e A Condessa Descalça.

Bette interpreta Margo Channing, estrela temperamental do teatro da Broadway, que começa a sentir o peso do envelhecimento. A vida da celebridade dos palcos muda a partir do momento em que conhece a jovem fã Eve Harrington (Anne). “Boazinha” e prestativa, Eve, aspirante a atriz, se infiltra no cotidiano de Margo, tornando-se sua secretária.

Bette é Margo

Por meio de manobras pérfidas, Eve transforma-se em perigo para a diva. O trabalho e os laços pessoais de Margo tornam-se objeto de cobiça da dissimulada rival.

Quando o caminho de Eve parece limpo, quando a manipulação começa a dar resultados, ela passa a ser dominada pelo sarcástico crítico de teatro Addison DeWitt, interpretado pelo sensacional George Sanders. Aliás, por meio de DeWitt, a novata e inapta senhorita Caswell (Marilyn Monroe, em início de carreira) ganha um lugar no mundo do espetáculo.

Anne, a má

Além do Oscar de Melhor Filme, A Malvada arrebatou as estatuetas de Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Sanders), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Som e Melhor Figurino. A película recebeu 14 indicações – o mesmo número de Titanic.

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar realizou Tudo Sobre Minha Mãe (1999) inspirado em A Malvada.
  

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Crepúsculo dos Deuses

Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, Estados Unidos, 1950) é considerado, pela crítica especializada, o retrato mais cruel de Hollywood. Assim como o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, o filme, do diretor Billy Wilder, é narrado por um morto, o que acentua o tom “crepuscular” da película.

Roteirista fracassado e endividado, Joe Gillis (William Holden) conhece Norma Desmond (Gloria Swanson), antiga estrela do cinema mudo. Norma deseja voltar às telas. Por isso, contrata Joe, que deve escrever um roteiro especial para ela. Holden passa a viver na mansão de Norma, onde dividem a mesma cama.

Norma vive da fama pretérita, quando era o centro das atenções de milhaes de fãs. O cinema, agora falado, não tem mais lugar para ela. 

Holden e Gloria 

A fim de aumentar o clima de autenticidade, Wilder utiliza alguns recursos. A atriz Gloria Swanson teve o auge da carreira na era muda. O diretor Cecil B. DeMille (Os Dez Mandamentos e Sansão e Dalila) interpreta a si mesmo.  O genial ator e diretor de comédias mudas Buster Keaton aparece na película – integra o grupo de amigos de Norma que joga baralho.

Outra participação do passado: o mitológico Erich von Stroheim. Ele é o motorista e mordomo Max von Mayerling, ex-marido de Norma e ex-diretor de cinema. Na vida real, Von Stroheim, ator, realizador e roteirista vienense, conheceu o sucesso e o fracasso em Hollywood.

Entre tantas cenas inesquecíveis, uma das mais lembradas pelos cinéfilos envolve Von Stroheim. Enquanto a enlouquecida Norma desce as escadas, Von Stroheim novamente está atrás das câmeras para exercer o velho ofício e dizer “ação”.

Von Stroheim, um mito

O drama recebeu 11 indicações à edição do Oscar de 1951. Ganhou nas categorias Melhor Direção de Arte, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro.

domingo, 19 de agosto de 2012

Oscar de 1951

A 23ª edição do Oscar, em 1951, é célebre. Proporcionou a disputa entre dois dos mais elogiados trabalhos cinematográficos: A Malvada e Crepúsculo dos Deuses. O primeiro, que levou a estatueta de Melhor Filme, trata dos bastidores do mundo do teatro, enquanto o segundo, do universo de Hollywood.

Ambos serão abordados nas próximas postagens. Crepúsculo dos Deuses será o primeiro.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Inferno no Pacífico

Longe das grandes batalhas e campanhas, dos gabinetes do alto escalão militar, Inferno no Pacífico (Hell in the Pacific, Estados Unidos, 1968), do diretor John Boorman, narra o confronto entre dois homens. Microcosmos da Segunda Guerra Mundial, o drama ocorre em  uma ilha deserta do oceano Pacífico, teatro de operações aeronavais.  

Frente a frente, Lee Marvin, fuzileiro naval norte-americano, e Toshiro Mifune, oficial da Marinha Imperial japonesa. No ambiente hostil, lutam pela sobrevivência.  De forma obstinada, cada um busca subjugar o outro, derrotando-o.

O combate se desenrola na orla, junto ao mar e à densa floresta. Astúcia, força e armadilhas são meios para vencer o adversário.

Mifune e Marvin

As exigências do momento e do lugar se sobrepõem à farda. Mais do que soldados, obedientes aos ditames da política dos Estados, são homens. Desse processo, de violência paradoxal, surgem laços de amizade e a união de esforços, cujo objetivo é sair daquele inferno. Para complicar, os idiomas são mutuamente estranhos.

História surpreendente, com final inesperado, o filme tem direção e roteiro sólidos, proporcionando ao espectador um prato repleto de tensão.

Além de técnicas apuradas de interpretação, as atuações de Marvin (Os Doze Condenados e O Homem que Matou o Facínora) e Mifune  (Rashomon, Os Sete Samurais e Yojimbo) devem-se muito à experiência comum de ambos. Na Segunda Guerra, Marvin serviu na Marinha dos Estados Unidos, tendo sido ferido no Pacífico Sul, e Mifune, no Exército nipônico.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Tora! Tora! Tora!

A preocupação em relatar com fidelidade o ataque japonês à base militar dos Estados Unidos em Pearl Harpor, no Havaí, em 7 de setembro de 1941, fez de Tora! Tora! Tora! (Estados Unidos e Japão, 1970) quase um documentário. O evento provocou a entrada das Forças Armadas norte-americanas na Segunda Guerra Mundial. O Dia da Infâmia, qualificou o presidente Franklin D. Roosevelt.

A narrativa ocorre a partir da ótica de ambos beligerantes. A direção e a produção foram separadas em dois polos. No norte-americano, a direção esteve a cargo de Richard Fleischer (20.000 Léguas Submarinas e Barrabás); no oposto, a Kinji Fukasaku e Toshio Masuda – a príncipio, ficaria sob responsabilidade do mestre Akira Kurosawa.

Tora! Tora! Tora! (Tigre! Tigre! Tigre!, em português) foi o código utilizado pela Marinha Imperial japonesa para a ofensiva.

Na manhã daquele domingo, centenas de aviões nipônicos bombardearam as posições inimigas. Os preparativos da agressão, o despreparo norte-americano e o assalto pelo ar são mostrados em detalhes. Qualidade técnica, roteiro preciso e atuações convincentes moldam o filme.

Forte realismo

Com forte realismo, as cenas de combate, que duram aproximadamente 30 minutos, impressionam o espectador. Homens, navios e aeronaves em chamas, prédios destruídos, fogo antiaéreo, inúmeras explosões, todas essas sequências dão à obra um caráter genuíno. Ganhou o Oscar na categoria Melhores Efeitos Visuais – teve nove indicações.

Um clássico do gênero guerra.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Um Convidado Bem Trapalhão

A parceria entre o diretor Blake Edwards e o ator Peter Sellers rendeu obras famosas. Além da séria burlesca A Pantera Cor-de-Rosa, a dupla realizou Um Convidado Bem Trapalhão (The Party, Estados Unidos, 1968). A sequência de gags – todas muito engraçadas – e a atuação fenomenal de Sellers marcam essa comédia, que tem a trilha sonora assinada por Henry Mancini.

Sellers interpreta Hrundi V. Bakshi, ator indiano totalmente atrapalhado. Durante a filmagem de um épico, usa relógio de pulso que não existia à época. Ao atar a sandália, aciona dispositivo que faz explodir o cenário.   

Hrundi é convidado, por engano, para a festa de um produtor de cinema. Lá, desde o momento em que entra na residência, se envolve em situações hilariantes. A cena do jantar é sensacional. Para começar, senta à mesa em uma cadeira mais baixa que as demais. O garçom, bêbado, só cria confusões.

Sellers (D) é fenomenal

O final do longa é apoteótico.

Blake Edwards é mestre da comédia. Também deve-se a ele a consagração de Bo Derek como símbolo sexual (Mulher Nota 10).

Assinou o sucesso absoluto Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn, baseado no livro homônico do escritor americano Truman Capote.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Berlin Alexanderplatz

O mais ambicioso projeto do diretor Rainer Werner Fassbinder foi Berlin Alexanderplatz, produção ítalo-alemã de 1980. Originalmente minissérie de TV, o filme chegou a ser transposto para a tela grande.

Desde a adolescência, o cineasta nutria o sonho de adaptar o romance homônimo do escritor alemão Alfred Döblin (1878-1957). A versão feita por Fassabinder do livro, exemplo de temática urbana e expressionista, resultou em 941 minutos de duração, ou 15 horas e 41 minutos, após um ano de gravação.  Berlin Alexanderplatz foi lançado em DVD no Brasil, em cópia restaurada. Treze episódios e um epílogo compõem o drama.

A história se passa na Berlim entreguerras, nos últimos anos da década de 1920, durante a conturbada República de Weimar. O personagem principal, o ex-cafetão Franz Biberkopf (Günter Lamprecht), sai da penitenciária depois de cumprir pena por ter assassinado a noiva. Contudo, a verdadeira punição começa  quando ele volta a circular no alucinado turbilhão berlinense (Alexandreplatz é uma praça central da cidade).

Anos 20: Berlim envenenada

Biberkopf  pertence ao lumpemproletariado. Tenta viver honestamente. Mas não é fácil. Enquanto conhece mulheres instáveis e outros personagens inesquecíveis, esvazia copos e garrafas de bebidas alcoólicas – dá para "sentir o gosto" do conhaque e da cerveja – e trabalha em atividades precárias. O mundo do crime o atrai.

Novas tragédias abaterão Biberkopf, esse homem simples que sucumbe, moral e fisicamente, à força demolidora da capital.

Berlin Alexanderplatz tem forte simbolismo político. Comunistas e nazistas lutam nas ruas.  Ao mesmo tempo em que Biberkopf é arrastado pelo destino, a sociedade alemã acalenta, no escuro ventre, o ovo da serpente hitlerista. 

Expoente do Novo Cinema Alemão, Fassbinder realizou uma obra-prima plena, de extraordinário vigor estético e narrativo.

Participam  do elenco Hanna Schygulla – atriz de vários longas de Fassbinder –, no papel de Eva; Barbara Sukowa, a doce prostituta Mietze; e Gottfried John, o mefistofélico Reinhold Hoffmann.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Tarde Demais para Esquecer

Comédia romântica por excelência, Tarde Demais para Esquecer (An Affair to Remember, Estados Unidos, 1957) é uma bela e comovente história. Os astros Cary Grant e Deborah Kerr brilham no filme, dirigido por Leo McCarey. A obra é remake de Duas Vidas (Love Affair, Estados Unidos, 1939), assinado pelo próprio McCarey.

Durante um cruzeiro, Nickie Ferrante (Grant) e Terry McKay (Deborah) se apaixonam. Ele, playboy sofisticado; ela, mulher simples e oriunda da classe trabalhadora. Além do ambiente social diferente, os dois são comprometidos. Ele aceita trabalhar, mas beber cerveja ao invés de champanhe já é bem mais difícil.

 Deborah Kerr e Grant 

Nickie e Terry marcam um encontro. Seis meses após o fim da viagem, eles pretendem resolver a situação no último andar do arranha-céu Empire State Building, em NovaYork. Porém um acidente frustra a expectativa e muda radicalmente a vida de ambos.

As melhores sequências acontecem no interior do navio, com Grant cortejando Deborah. Diálogos inteligentes marcam essas e outras passagens do longa.

Tarde Demais para Esquecer em nenhum momento deixa de empolgar o espectador.

domingo, 5 de agosto de 2012

Aconteceu Naquela Noite

Poucos diretores de comédia romântica tiveram tanto prestígio quanto Frank Capra. Um dos seus principais trabalhos é o charmoso Aconteceu Naquele Noite (Estados Unidos, 1934), com Clark Gable e Claudette Colbert no elenco.
Colbert vive Ellie Andrews, a filha de um milionário que foge de casa porque o pai não lhe permite casar com um playboy. Na viagem, conhece o jornalista Peter Warne (Gable), profissional sem perspectivas de êxito. Peter descobre a verdadeira identidade de Ellie. Agora, sabe que tem nas mãos uma grande história e tentará vendê-la.
Ellie mostra antipatia por Peter. Porém, os percalços do caminho aproximam os dois. O amor será consequência natural.
A película possui uma das cenas mais famosas do cinema – audaciosa à época. Na estrada deserta, Colbert mostra, na presença de Peter, as pernas para pedir carona.

Cena audaciosa para a época

O sucesso da obra consolidou as carreiras de Gable e Colbert, tornando-os indiscutíveis astros. O longa conquistou o Oscar em cinco categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Gable), Melhor Atriz (Colbert) e Melhor Roteiro Adaptado. 
A história lembra a de A Princesa e o Plebeu (Estados Unidos, 1953), de William Wyler e com Gregory Peck e Audrey Hepburn nos papéis principais.
Depois de Aconteceu Naquela Noite, Colbert atuou em várias obras, entre elas Cleópatra (conferir postagem), em 1934. Gable atingiu o ápice no ano de 1939, com ...E O Vento Levou.

sábado, 4 de agosto de 2012

A Imperatriz Galante

A Imperatriz Galante (The Scarlet Empress, Estados Unidos, 1934), lançado no Brasil em DVD com o título A Imperatriz Vermelha, foi um dos trabalhos que consolidou o mito Marlene Dietrich. Assinado pelo diretor austríaco Josef von Sternberg, o filme narra a ascensão ao poder de Catarina II, a Grande, que governou a Rússia de 1762 a 1796. No reinado, colecionou amantes, e, ao modernizar o país, o transformou em grande potência. Em meio a saliente erotismo e a cenários pomposos, barrocos, Marlene Dietrich  desfila beleza e talento interpretativo.
A película foca a transformação da nobre alemã Sofia Frederica (Marlene) na tsarina. Jovem e ingênua ao chegar à corte russa, onde troca de nome e religião para se casa com o "imbecil" herdeiro do trono, acabará por descobrir a força da sedução. Na busca pelo poder, submete, com as armas que tem, nobres e militares.

 Marlene é Catarina II

Sensacional o momento em que Catarina, à frente de tropas leais, conquista o Kremlin a cavalo. Ápice do longa, a cena foi conduzida com maestria por Von Sternberg. Merece ser sempre revista.
Assim como a personagem central do drama, Marlene era alemã. Com a ascensão do nazismo, mudou-se para os Estados Unidos, obtendo a nacionalidade norte-americana.
Ao protagonizar O Anjo Azul (Alemanha, 1930), de Von Sternberg, transformou-se em símbolo sexual. Trabalhou em outros cinco filmes do mesmo realizador: Marrocos (1930), Desonrada (1931), O Expresso de Shangai (1932), A Vênus Loira (1932) e Mulher Satânica (1935). 
Talvez injustamente, Von Sternberg reivindicou para si, de forma exclusiva, a responsabilidade pela criação de tal mito.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O Destino

Em um dos comentários a respeito de El Cid (conferir postagem), houve menção ao filme O Destino (Al Massir, Egito-França, 1997), do diretor Youseff Chahine. Sátira sobre a intolerância com o livre pensamento, impõe-se como um novo clássico.

Século 12. Córdoba, joia da Espanha moura, está sob tensão, provocada por fundamentalistas. Nessa atmosfera, o grande filósofo, jurista e médico islâmico Averróis – dos principais comentaristas do grego Aristóteles – continua seu trabalho intelectual. Influenciado por extremistas, o cálifa Al Mansur decide mandar às chamas todos os livros de Averróis. Os discípulos e familiares lutam desesperadamente para copiar e salvar o trabalho do mestre. O tempo é curto, e a violência, crescente.

Duas cenas, profundamente interligadas, transmitem o retrato da intransigência. No começo do longa, a primeira: na França da Inquisição, um cristão é queimado por traduzir textos de Averróis. No clímax , a segunda: o centro de Córdoba testemunha o fogo consumir o fruto da vida do prócer andaluz.

Filósofo Averróis

O Destino não trata somente de fatos históricos. Música, romance e ação se misturam nessa empolgante obra, cuja atualidade permanece perene.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mostra Stanley Kubrick na Ufrgs

A partir de 02 de agosto, quinta-feira, a Sala Redenção, da Ufrgs, em Porto Alegre, começa a Mostra Stanley Kubrick, dedicada a um dos cineastas mais estimados do ocidente. O ciclo, que tem entrada franca, vai até o dia 17 deste mês.

Os filmes da programação são: O Grande Golpe, A Morte Passou por Perto, Lolita, Dr. Fantástico, Barry Lyndon, Glória Feita de Sangue, Laranja Mecânica, 2001 - Uma Odisseia no Espaço, O Iluminado, Nascido para Matar, Spartacus e De Olhos Bem Fechados.

Kubrick em ação