quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os Canhões de Navarone

Obra espetacular, Os Canhões de Navarone (Reino Unido, 1961) pertence à lista dos grandes filmes de guerra. Dirigido por J. Lee Thompson, o longa, baseado no romance homônimo de Alistair MacLean (O Desafio das Águias), reúne forte elenco: Gregory Peck, Anthony Quinn, David Niven, Anthony Quayle e Irene Papas. A trama ganhou o Oscar de 1962 na categoria Efeitos Especiais.

Segunda Guerra Mundial. Em 1943, 2 mil soldados ingleses encontram-se encurralados em território grego. Estão prestes a serem atacados por alemães. Urge salvá-los. Mas a operação naval de resgate esbarra em poderoso obstáculo: os dois canhões da ilha de Navarone.


Armas alemãs devem ser destruídas

Pequena unidade é enviada para demolir os dispositivos nazistas. O especialista em explosivos cabo Miller (Niven), o coronel grego Andrea Stavros (Quinn), o major Roy Franklin (Quayle) e o capitão Keith Mallory (Peck), que assume o comando da expedição, integram o grupo. Maria Pappadimos (Irene), membro da resistência local, junta-se aos militares.

Peck, em mais uma grande atuação, comanda missão

Até alcançar o objetivo da missão, passam por diversos perigos. Tempestade no mar;  escalada de penhasco;  perseguição e tiros; sabotagem e traição.

O roteiro afastou-se do livro. A adaptação, contudo, não prejudicou o cerne da narrativa de MacLean. Aliás, a ilha de Navarone não existe.

No ano seguinte à feitura de Os Canhões de Navarone, J. Lee Thompson realizou a primeira versão de Cape Fear (no Brasil, Círculo do Medo), com Robert Mitchum e Peck. Em 1991, Martin Scorsese dirigiu nova adaptação da história – o assustador Cabo do Medo, com Robert De Niro e Nick Nolte.
  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Fugindo do Inferno

Em Fugindo do Inferno (Estados Unidos, 1963), clássico de guerra, Steve McQueen, Charles Bronson e James Coburn atuam novamente juntos sob a direção de John Sturges. Três anos antes, integraram o elenco de Sete Homens e um Destino (conferir postagem), obra-prima de Sturges. Agora, ao lado de McQueen, Bronson e Coburn, compõem o cast James Garner e Richard Attenborough.

Baseado em fatos reais, Fugindo do Inferno narra a tentativa de aviadores aliados de escapar de um campo de prisioneiros mantido pela Luftwaffe, a força aérea alemã, na França, durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial. Cercados por arame farpado e sob forte vigilância, decidem construir três túneis para a evasão. O plano, coordenado pelo líder de esquadrão britânico Roger Bartlett/Big X (Attenborough), abrange a retirada de 250 homens.

Cada militar possui tarefa específica. O tenente polonês Danny Welinski (Bronson) cava. Da mesma patente, o americano Bob Hendley (Garner), o “ladrão”, encarrega-se de obter os materiais indispensáveis.  McQueen, que interpreta o irrequieto e irreverente capitão americano Hilts, tem encargo peculiar: fugir sozinho e retornar com informações essenciais.

Após a descoberta de um dos túneis, eles decidem concentrar os esforços em apenas um. Ao total, 76 deixam o local. Perseguidos, poucos conseguem a liberdade.

O longa contém momentos memoráveis. O difícil trabalho dentro da passagem subterrânea. A elaboração de aguardente para comemorar o Dia da Independência dos Estados. As sequências em que Hilts pilota uma motocicleta. (Assim como Paul Newman, McQueen era aficionado por velocidade.)


McQueen tenta escapar em uma motocicleta

Fugindo do Inferno inspirou a série de TV Guerra, Sombra e Água Fresca.

Por fim, algo sobre Attenborough. Ator britânico de prestígio, também foi para trás das câmeras. Realizou importantes obras. Uma Ponte Longe Demais (1977) e Gandhi (1982) são exemplos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O Enigma da Pirâmide

Muito divertido. O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes, Estados Unidos, 1985) é aventura trepidante. Dirigido por Barry Levinson, de Rain Man, o filme narra a adolescência do detetive Sherlock Holmes e o início da amizade com o doutor John Watson, companheiro e biógrafo do ilustre morador da rua Baker Street. A história é inspirada na obra ficcional de sir Arthur Conan Doyle.

Na era vitoriana, Holmes (Nicholas Rowe) e Watson (Alan Cox) estudam em Londres. Na escola, a aptidão daquele desperta admiração e inveja. Uma série de alucinações e mortes misteriosas anima o interesse de Holmes. Entre as vítimas, um velho professor, amigo e mentor do jovem investigador. De forma surpreendente, os crimes relacionam-se com uma seita do antigo Egito.


Filme narra a juventude do detetive Sherlock Holmes

Ao lado de Elizabeth (Sophie Ward) – namorada de Holmes –, a dupla enfrentará inúmeros perigos. Sem deixar o humor de lado, os heróis – inclusive o bonachão Watson, renitente a correr riscos – mostrarão coragem para superar os desafios.

Merece menção a qualidade dos efeitos especiais. Eles servem para compor a história, não se sobrepondo a ela, o que revela o bom trabalho do diretor.

A solução do caso depende do gênio “sherlockiano”. De fato, a argúcia do personagem assombra. “Elementar, meu caro Watson.”

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Cinema Paradiso

Bela e comovente homenagem à sétima arte, Cinema Paradiso (Itália, 1988) alcançou enorme sucesso. Com roteiro e direção sensível de Giuseppe Tornatore e música do mestre Ennio Morricone, a obra conduz o espectador às velhas salas de cinema, aos antigos filmes e astros.

Salvatore Di Vita (Jacques Perrin) vive em Roma. Cineasta bem-sucedido, recebe a notícia da morte do velho Alfredo. Viaja para o enterro, em uma pequena cidade italiana. Ao reencontrar a mãe, mulher idosa, recorda o passado e a amizade com o falecido.

Na Sicília de antes da Segunda Guerra Mundial, o menino Salvatore, então Totó (Salvatore Cascio), fugia de casa para ir ao Cinema Paradiso, onde trabalha o projetista Alfredo (Philippe Noiret). As películas passam pelo crivo do padre, que censura as cenas de beijo que seriam exibidas nas sessões. São obras cortadas que a plateia, sempre vibrante e participativa, assiste.

Rodolfo Valentino, Charles Chaplin, Helen Hayes, Gary Cooper, Ingrid Bergman, Errol Flynn, Olivia de Havilland desfilam na tela.


Alfredo e Totó. Ao fundo, o cartaz de Casablanca

Totó cresce. O jovem Salvatore (Marco Leonardi) aprende o ofício com Alfredo. Mais do que isso, herdará dele o amor pelo cinema, esse universo inesgotável de prazer e emoção.

Salvatore se apaixona por Elena (Agnese Nano). O desfecho da relação muda a vida e determina o futuro do personagem.

De volta à terra natal, Salvatore acompanha o velório e a implosão do Cinema Paradiso. Alfredo deixa ao pupilo uma herança. Nele, o legado de uma vida dedicada aos filmes clássicos. Momento antológico.

PS: O autor do blog guarda na memória o seu “Cinema Paradiso”. É o Independência, que ficava na Praça Saldanha Marinho, no Centro de Santa Maria (RS). Hoje, o histórico prédio, referência cultural da cidade, abriga um centro popular de compras.  

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Quanto Mais Quente Melhor

Comédia musical fenomenal, Quanto Mais Quente Melhor (Estados Unidos, 1959) é um dos melhores trabalhos do realizador Billy Wilder. A perfeição de roteiro e de direção e as atuações sensacionais de Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon imortalizaram o filme.

Na Chicago de 1929, o saxofonista Joe (Curtis) e o contrabaixista  Jerry (Lemmon)  testemunham gângsteres massacrarem uma quadrilha rival. Com medo de represálias, decidem fugir disfarçados de mulher. Joe, transformado em Josephine, e Jerry, em Daphne, ingressam em uma banda composta só de moças. Entre elas, Sugar Kane (Marilyn), que toca “guitarra havaiana”, o ukelele, e canta.


Curtis (E), Lemmon e Marilyn

O grupo viaja para a praia, onde se apresentará em um hotel frequentado por ricos. Sugar, Josephine e Daphne tornam-se confidentes. Enquanto a aparência é preservada, Curtis traça estratégia para conquistá-la. Faz parte do plano manter o parceiro envolvido com o milionário Osgood Fielding III (Joe E. Brown), que se apaixona por Daphne. 

As situações engraçadas se multiplicam.

Várias cenas merecem destaque. A primeira aparição de Sugar, de tirar o fôlego, que ocorre na estação de trem. A festa no leito de Daphne, com Marilyn esbanjando sensualidade. As sequências à beira-mar, com Sugar e Daphne vestidas de maiô, jogando bola. 

Quanta exuberância de Marilyn! Deve-se dizer que Wilder explora ao máximo a presença física da atriz sem, jamais, cair na vulgaridade.

Enfim, Quanto Mais Quente Melhor é obra-prima do riso.          

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fedora


Título que integra a parte final da consagrada carreira de Billy Wilder, Fedora (Alemanha-França, 1978) deve ser visto como espelho de Crepúsculo dos Deuses (conferir postagem). Embora não pertença ao ciclo das obras-primas do diretor, tem a assinatura do mestre.

Filme tem assinatura de Billy Wilder

Pontos em comum aproximam os dois trabalhos. Alguns podem ser salientados: o centro gravitacional da trama consiste na figura de uma antiga estrela do cinema reclusa; a morte sinaliza o início da história, narrada em flashback; atuação de William Holden, mais uma vez envolvido com a diva; a existência de um roteiro como elo de ligação entre os  personagens principais; a presença de um motorista particular ostensivo; a utilização de atores que interpretam eles mesmos.

Por fim, traço que merece realce. Em ambos dramas, o realizador apresenta uma visão negativa do mundo da sétima arte, repleto de jogo de aparências, de máscaras.

Holden vive o produtor de cinema Barry “Dutch” Detweiler. Durante o funeral de Fedora (Marthe Keller), ele recorda a viagem que fez a Corfu, na Grécia, em busca da atriz. Na ocasião, Detweiler oferece a Fedora – agora, mulher perturbada – o papel de Anna Karênina, em nova versão do romance de Liev Tolstói. A partir desse contato, serão revelados, em surpreendente reviravolta, os motivos que levaram a musa ao recolhimento.

Completam o elenco nomes de peso, como Henry Fonda, José Ferrer e Michael York.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ran


Mestre do cinema nipônico, Akira Kurosawa realizou peculiar adaptação da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare. Ran (França-Japão, 1985), de imagens esplêndidas, é um trabalho de forte carga humanista.

No Japão feudal, o idoso senhor da guerra Hidetora Ichimonji (Tatsuya Nakadai) decide repartir seus domínios entre os três filhos – no livro, são filhas. Insuflados pela nova perspectiva, Taro e Jiro, os mais velhos, aceitam o legado. Saburo, o caçula, rejeita a divisão. Ele aponta que o ato colocaria em risco a segurança do pai. Após discussão, Hidetora bane Saburo.

Logo, o temor do benjamim se concretiza. Preocupados com a influência que o ancião ainda exerce, os desleais Taro e Jiro vão retirar os símbolos de dignidade de Hidetora, levando-o à loucura. Ambos lutarão pelo poder no clã.

O exilado Saburo, único a amar o pai, enfrentará riscos para salvar Hidetora. Sem lar e senil, o antigo samurai vaga sem destino certo, acompanhado pelo bobo da corte. Triste velhice de um homem abandonado.

Kurosawa realizou bela versão de Rei Lear

As cenas de batalha são sensacionais. Momentos de ação e de grande dramaticidade se alternam. Com sonoplastia e enquadramento perfeitos, Kurosawa mostra todo o vigor de sua arte. A aguda preocupação com as cores é traço marcante na obra. O longa recebeu o Oscar de Melhor Figurino em 1986.

A postagem sobre Ran encerra esse ciclo sobre cinema e Shakespeare. Futuramente, o blog analisará duas versões para a tela grande de outra notável tragédia shakespeariana, Macbeth. Os dois filmes: Macbeth - Reinado de Sangue, de Orson Welles, e A Tragédia de Macbeth, de Roman Polanski.         
 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Otelo


Ator e diretor genial, Orson Welles realizou, com poucos recursos financeiros, espetacular versão de Otelo, (Estados Unidos-França-Itália-Marrocos, 1952), aclamada tragédia de William Shakespeare. Quatro anos antes, havia fracassado com outro trabalho do dramaturgo inglês, Macbeth.

Otelo, o Mouro de Veneza, é uma história de inveja, ciúme, fúria e assassinato. Dessa combinação, nasce a desgraça.

Welles interpreta Otelo, general a serviço do governo veneziano.  Casado com a bonita e leal Desdêmona (Suzanne Cloutier), sucumbe às artimanhas do alferes Iago (Micheál Mac Liammóir). Personagem maléfico, que se sente desprestigiado por Otelo, Iago deseja ascender na carreira militar. Não medirá esforços para concretizar o objetivo.

Iago construirá intrigas, induzindo e instigando Otelo a castigar Desdêmona por suposta traição com o tenente Cássio (Michael Laurence). Hábil e inteligente, sabe manipular a fraqueza humana. Sabe que o mouro não suporta a ideia do adultério. Sabe que a honra ofendida, na visão daquele homem e daquela sociedade, exige a morte da esposa. 

Otelo e Desdêmona, casal trágico

Welles mantém a força do texto shakespeariano. Fotografia, sonoplastia, roteiro, direção e atuações excepcionais  transformaram o filme em obra referencial. Ignorado nos Estados Unidos à época da exibição, recebeu, em 1952, o Grande Prêmio do Festival de Cannes, na França. 

Deve-se dizer, en passant, que as sequências iniciais de Otelo lembram a cena final do Hamlet de Laurence Olivier. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hamlet

Quatro anos após Henrique V, Laurence Olivier voltou a excursionar no universo de William Shakespeare. Desta vez, adaptou Hamlet, a mais extensa tragédia do bardo inglês. Dirigido, interpretado e produzido por Olivier, Hamlet (Reino Unido, 1948) é espetáculo grandioso. A fotografia preto e branco realça o tom sombrio da peça. Apesar de não ter à época a mesma aceitação do trabalho anterior, representou novo triunfo, angariando diversas láureas.

Filho do falecido rei da Dinamarca, o jovem príncipe Hamlet (Olivier), ao conversar com o espectro do pai, descobre a terrível verdade. Ao contrário do que pensam os súditos, o monarca fora assassinado. O autor do crime: Claudius (Basil Sydney), tio paterno do herói, agora governante e marido da mãe de Hamlet, Gertudre (Eileen Herlie). Mãe e filho, aliás, mantém elo incestuoso.

Hamlet arquiteta a vingança. Começa a agir de forma estranha. Um louco vaga nas dependências do castelo, espalham na corte. Acontecimentos funestos preparam o desfecho da história.

Comovente o destino de Ofélia (Jean Simmons, de Spartacus), amada de Hamlet. Depois de perder o pai, Apolônio, e sentir-se rejeita pelo herdeiro do trono, enlouquece e morre.

Olivier está soberbo no papel. O célebre monólogo da dúvida “Ser ou não ser, eis a questão”, recitado à beira do penhasco, mostra a força do intérprete.

Olivier interpreta o príncipe da Dinamarca
 
A película venceu o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Olivier), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino. No Festival de Veneza, na Itália, ganhou o Leão de Ouro (melhor filme) e o prêmio de Melhor Atriz (Jean Simmons).

Em 1964, Grigori Kozintsev realizou uma versão soviética de Hamlet. Afresco de belas imagens, apoia-se em texto traduzido por Boris Pasternak e música de Dmitri Shostakovich. Quem viu, não esquece.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Henrique V

Obra de amplas virtudes, Henrique V (Reino Unido, 1944) simboliza um momento privilegiado do cinema. Dirigido, protagonizado e produzido por Laurence Olivier, o filme, adaptação do drama histórico de William Shakespeare, tornou-se referência nas relações entre o teatro e a sétima arte.

Rei da Inglaterra, Henrique V (Olivier) decide, no século 15, invadir a França. Em nome da Coroa,  reivindica a propriedade de terras além do canal da Mancha.  A campanha integra a Guerra dos Cem Anos.

O longa inicia como representação teatral, ação que acontece no ano de 1600. Porém, os espectadores são convidados a deixar a visão do tablado e a conhecer novos ambientes. A viagem espacial, por múltiplos palcos, transcorre em cenários onde abundam miniaturas.  O recurso, com objetos desproporcionais frente às dimensões humanas, provoca efeitos oníricos.

Olivier vive o rei inglês

Cenas que envolvem a Batalha de Azincourt – o clímax da narrativa – destacam-se.

Horas antes da luta, o monarca, incógnito, anda à noite no acampamento e conversa com soldados, sentindo o moral dos subordinados. Ele descobre que não são todos os que o admiram.

Ao saber que a superioridade numérica do inimigo aflige o ânimo dos súditos, Henrique V faz o famoso discurso às tropas. Diante de um Exército receoso, afasta o medo da morte ao proferir palavras de igualdade: "Nós, bando de irmãos. Quem hoje verter seu sangue, meu irmão será".

Em 1989, Kenneth Branagh realizou nova e exitosa versão do texto shakespeariano. 

A respeito do resultado obtido por Olivier, Jean Tulard (Dicionário de Cinema - Os Diretores) afirmou que nunca "se dirá o suficiente sobre a beleza e inteligência" de Henrique V. Plena razão.

sábado, 1 de setembro de 2012

Ciclo Shakespeare

A obra do poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) serviu de matéria-prima para a sétima arte. Cineastas do ocidente e do oriente beberam na fonte. O blog escolheu quatro filmes notáveis, representativos dessa prospecção.

Serão abordados, em sequência: o drama histórico Henrique V (dirigido e interpretado por Laurence Olivier), Hamlet (idem), Otelo (dirigido e protagonizado por Orson Welles) e Ran (visão peculiar de Akira Kurosawa de Rei Lear).