segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Narciso Negro

Cinco freiras viajam a uma região do remoto Himalia, na parte indiana, para viver no local. Além do convento, mantêm escola e enfermaria voltadas à comunidade. Elas passam a residir no antigo palácio, a 2.800 metros acima do nível do mar, ex-morada das amantes do falecido soberano. Pinturas nas paredes ainda guardam a memória dos velhos tempos. Nesse ambiente, onde viceja o cheiro do narciso, a dúvida e os desejos carnais florescem.

Esse é o tema central do exuberante Narciso Negro (Reino Unido, 1947), realizado por Michael Powell e Emeric Pressburger. À testa do elenco, Deborah Kerr, estrela de A Um Passo da Eternidade, O Rei e Eu e Tarde Demais para Esquecer (conferir postagem em agosto). Também no cast, Jean Simmons (Spartacus), Kathleen Byron, Sabu (O Ladrão de Bagdá) e David Farrar.

Deborah interpreta a jovem irmã Clodagh, líder da missão. Para conservar a coesão do grupo, ela terá de enfrentar muitos problemas, desde as diferenças culturais até a multiplicidade de temperamentos das colegas de fé.

Mas o principal desafio nasce do contato com Mr. Dean (Farrar), inglês rude que vive no povoado. Ele desperta impulsos sexuais, inconfessáveis e intoleráveis para as religiosas. Chega ao ponto de a irmã Ruth (Kathleen) abandonar a ordem e se entregar ao homem.

O filme tem forte traço de erotismo latente. Duas cenas exemplificam. Sem camisa, Dean chega para falar com as freiras. Sutilmente, irmã Ruth coloca-se ao lado dele, observando-o lascivamente. Outra: despida do hábito e com vestido rubro, Ruth, frente a frente com Clodagh, coloca batom vermelho nos lábios – tomada realizada em plano detalhe.


Deborah Kerr (D) em filme com significativa carga erótica

As imagens de Narciso Negro revelam alto domínio técnico e sensibilidade visual. Mais um sucesso cinematográfico de Michael Powell, co-diretor de O Ladrão de Bagdá (conferir postagem).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Testemunha de Acusação

Apontado como assassino de uma viúva rica, o ex-militar britânico Leonard Stephen Vole procura o célebre advogado sir Wilfrid Robarts para defendê-lo. Somente a esposa do suposto criminoso, Christine, pode confirmar o álibi. Essa trama, baseada em história da escritora Agatha Christie, foi levada às telas pelo diretor Billy Wilder (Crepúsculo dos Deuses, Quanto Mais Quente Melhor). Instigante e inteligente, Testemunha de Acusação (Estados Unidos, 1957) merece o entusiasmo do cinéfilo.

Além da alta qualidade de roteiro e direção, a presença de Tyrone Power (O Fio da Navalha, primeira versão), Marlene Dietrich (O Anjo Azul) e Charles Laughton (O Corcunda de Notre Dame, adaptação de 1939) garantem fortes interpretações.


Presença de Marlene é um dos fortes atrativos do filme

Na Londres pós-Segunda Guerra Mundial, Vole (Power) busca interessados em um invento seu. Conhece uma viúva, solitária e rica, passando a frequentar a casa dela. Encontrada morta, as suspeitas caem sobre Vole, único herdeiro por testamento da vítima. Mesmo com a saúde abalada, sir Wilfrid (Laughton) assume o caso. Mulher do réu, Christine (Marlene) mostra-se, porém, inconfiável.


Laughton (E), ao lado de Power (D), dá show em cena

Vole enfrenta o Tribunal do Júri. Com enorme domínio cênico e jurídico, o astuto sir Wilfrid, entre uma pílula e um gole de conhaque, vai desconstituindo prova por prova da acusação. Mas terá de fulminar a mais inesperada e pungente delas: o testemunho de Christine.

O final conserva grandes surpresas para o espectador.

Nessa linha sigilosa, uma curiosidade: conta-se que os atores só ficaram sabendo do desfecho do longa no dia da última tomada.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Todos os Homens do Presidente

A política não foi feita para anjos, disse o  jurista e filósofo político italiano Norberto Bobbio. Frequentemente, o terreno torna-se lamacento. Obra referencial sobre o tema, Todos os Homens do Presidente (Estados Unidos, 1976), do diretor Alan J. Pakula, narra o maior escândalo do Executivo norte-americano: Watergate, que resultou na renúncia, em 1974, do presidente Richard Nixon.

O caso foi revelado pela imprensa, sobretudo pelo atividade intensa de dois jornalistas do The Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward. À frente do elenco, Dustin Hoffman, Robert Redford, Jack Warden (Doze Homens e Uma Sentença e O Céu Pode Esperar), Martin Balsam (Doze Homens e Uma Sentença) e Jason Robards (Era Uma Vez no Oeste). 

Em 1972, o comitê nacional do Partido Democrata, localizado no prédio Watergate, em Washington, fora invadido por cinco homens. Aparentemente, pauta policial. Aos poucos, a notícia muda de feição. O diário escala Bernstein (Hoffman) e Woodward (Redford) para investigar. Eles descobrem uma rede de espionagem e lavagem de dinheiro que envolve o núcleo do governo republicano de Nixon, recém-reeleito. Uma fonte anônima, chamada de Garganta Profunda, guia os passos de Woodward, levando-o a fazer conexões entre o assalto e o mandatário.

Em alguns momentos do drama, o espectador pode ficar um pouco perdido, pois são mencionados muitos nomes do staff da Casa Branca. Mas a compreensão do quadro geral não é prejudicada.

Outro aspecto relevante da película reside no cotidiano da Redação do jornal. O corre-corre, a pressão, o labor da escrita, a  convivência com as cobras criadas da profissão, tudo dá sabor especial ao filme.


Hoffman e Redford interpretam dois jornalistas

Todos os Homens do Presidente – título do livro escrito pelos dois repórteres  – ganhou o Oscar em quatro categorias: Melhor Ator Coadjuvante (Robards), Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Som.

Bernstein e Woodward integram a lista dos jornalistas lendários do século 20.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Maior Amante do Mundo

O Maior Amante do Mundo (Estados Unidos, 1977) é uma comédia charmosa e repleta de referências a astros antigos da grande tela. Escrito, dirigido e estrelado por Gene Wilder, o filme, cheio de nonsense, tem sequências hilariantes. Além de ator consagrado, Wilder tornou-se realizador reconhecido – A Dama de Vermelho (1984), com a beleza de Kelly LeBrock, alcançou amplo sucesso.

O mandachuva do Rainbow Studios, Adolph Zitz (Dom DeLuise), procura um intérprete capaz de ser O Maior Amante do Mundo e imitar o ídolo Rodolfo Valentino (Sangue e Areia, O Sheik), contratado pelo estúdio rival Paramount. Nascido na Itália, Valentino foi o primeiro símbolo sexual masculino do cinema, paradigma do "amante latino".

Centenas de canastrões vão atrás do sonho. Entre eles, o padeiro neurótico Rudy Hickman (Wilder), ou Rudy Valentine. Ele e a esposa Annie (Carol Kane) partem para Los Angeles, terra da indústria cinematográfica. Mesmo sem dinheiro, se hospedam em hotel de luxo. Artistas como Douglas Fairbanks e Greta Ga-Ga (Rudy quer dizer Greta Garbo) podem estar na área.


Gene Wilder vive Rudy Valentine

Mas o desgosto chega ao herói. Apaixonada, Annie foge a fim de encontrar o verdadeiro galã. Rudy, desesperado em evitar o desfecho amoroso, só pode recorrer a uma pessoa: Rodolfo Valentino.  

Desopilante, a película comporta trechos de forte comicidade. Após a banheira vazar, a sala do quarto do hotel fica alagada. Com o objetivo de impressionar os tios, Rudy mergulha e convida a todos para se refrescarem na "piscina". Na loja de discos, escuta a gravação de instruções de como transmitir sensualidade para conquistar uma mulher. A plateia não duvida: o homem é louco.

Gene Wilder trabalhou em obras do diretor Mel Brooks (Banzé no Oeste, O Jovem Frankenstein). Interpretou Willy Wonka na primeira versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Ladrão de Bagdá

Clássico da fantasia, O Ladrão de Bagdá (Reino Unido, 1940) tornou-se famoso sobretudo pela alta qualidade dos cenários e dos efeitos especiais. Co-dirigido por Michael Powell, Ludwig Berger e Tim Whelan, traz à tela a magia das histórias do Oriente. À frente do elenco, o grande ator Conrad Veidt.


Ator fenomenal, Conrad Veidt interpreta Jaffar

O grão-vizir de Bagdá e feiticeiro Jaffar (Veidt) decide tomar o poder. Ele encarcera o rei Ahmad (John Justin). Na prisão, o governante conhece o jovem ladrão Abu (Sabu, de Mogli, o Menino Lobo). A dupla foge para a cidade de Basra. Lá, Ahmad conhece a bela princesa (June Duprez), e os dois se apaixonam.

Jaffar também deseja desposá-la. Como vingança, tira a visão de Ahmad e transforma Abu em cão. Novamente na forma humana, os heróis vivem aventuras fabulosas, com o objetivo de derrotar Jaffar, recuperar o trono e salvar a princesa das mãos do vilão.

Momentos maravilhosos qualificam o longa. O cavalo mecânico alado. A boneca de múltiplos braços viva. O aparecimento do gênio Djinn (Rex Ingram) – Abu, mais uma vez, usa a argúcia de quem precisa lutar pela sobrevivência para dominá-lo. A luta do ladrão contra a aranha gigante no templo. Claro, não falta tapete voador.


Efeitos especiais tornaram célebre o filme

Obra-prima de beleza e inteligência, O Ladrão de Bagdá arrebatou o Oscar nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhores Efeitos Especiais.

Mais um trabalho prodigioso de Conrad Veidt. O intérprete, alemão naturalizado britânico, atuou em célebres títulos, como O Gabinete do Dr. Caligari, O Homem que Ri (conferir postagem em junho) e Casablanca.     

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Bravura Indômita

Premiado com o Oscar de Melhor Ator – o único da carreira –, John Wayne está impecável no western Bravura Indômita (Estados Unidos, 1969). Ele vive o comissário da lei Rooster Cogburn, homem envelhecido, bêbado, caolho, destemido e decadente. Dirigido por Henry Hathaway (Lanceiros da Índia), o longa ingressou, com méritos, no rol dos clássicos do gênero.

Após ter o pai assassinado, a jovem Mattie Ross (Kim Darby) procura Cogburn, que tem fama de implacável caçador de bandidos. Ela paga 100 dólares para que capture o homicida Tom Cheney (Jeff Corey), que se juntou ao grupo de Lucky Ned Pepper (Robert Duvall). A malta se esconde em uma reserva indígena.

Wayne terá a ajuda do agente La Boeuf (Glen Campbell). Apesar da oposição da dupla, Mattie insiste em acompanhar a missão. Com muito senso de humor, o rabugento Cogburn guia os companheiros.

Há cenas célebres. Duas delas. A primeira: Cogburn, embriagado, cai do cavalo. Sem perder a “classe”, decide que ali mesmo irão acampar. A segunda: o astro coloca as rédeas do animal na boca, empunha nas mãos revólver e rifle e enfrenta, a galope, quatro criminosos. Momento incrível. Afinal, o cara se chama John Wayne.


John Wayne atua em cena incrível

Bom de tiro, Cogburn mata ratos, cobras e homens. Bom de coração, conquista a afeição de Mattie.

Em 2010, os irmãos Coen realizaram nova adaptação da história. Jeff Bridges interpretou o indômito personagem. Um êxito. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Vida de Émile Zola

A Vida de Émile Zola (Estados Unidos, 1937) narra a história de um dos mais aclamados nomes da literatura universal e fundador do movimento naturalista. Dirigido pelo ator e diretor alemão William Dieterle, tem no papel principal o notável Paul Muni  (Scarface e A História de Louis Pasteur). Autor de clássicos como Germinal, Zola foi figura central na defesa do capitão francês Alfred Dreyfus, oficial de artilharia judeu condenado injustamente por traição.

Paris, 1862. A obra mostra o começo difícil de Zola. Sem dinheiro, divide uma mansarda com o pintor Paul Cézanne (Vladimir Sokoloff). A partir da publicação da novela Nana, inicia a ascensão. O caminho à fama tem preço: de escritor combativo, passa à acomodação. A situação muda quando a esposa de Dreyfus o procura, pedindo ajuda.

Dreyfus foi acusado de transmitir segredos militares para os alemães. Julgado culpado pela corte marcial em 1894, é humilhado em praça pública e enviado para a prisão da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. O autêntico traidor, porém, é o oficial Esterhazy (Robert Barrat). O alto-comando, mesmo depois de saber a verdade, se recusa a rever o processo. Neste momento, a coragem de Zola entra em cena.

Publica então, em 1898, o famoso J’accuse (Eu acuso), no jornal L’Aurore. Na carta aberta ao presidente da República, o escritor acusa os membros do Estado-Maior de, deliberadamente, condenar um inocente. Zola responderá por difamação.


Zola defende o capitão Dreyfus, condenado injustamente

A questão sobre Dreyfus dividiu a opinião pública. De um lado, militares, monarquistas e membros da direita antissemita  apoiam a medida judiciária. De outro, democratas, socialistas e republicanos denunciam o escândalo. Após os eventos tornarem-se claros, o degradado conquista a reabilitação, reintegrando-se ao Exército.

A Vida de Émile Zola arrebatou o Oscar em três itens: Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Joseph Schildkraut, intérprete de Dreyfus).

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tess

As imagens de Tess (França-Reino Unido, 1979), de Roman Polanski, são deslumbrantes. Muitos enquadramentos recordam pinturas bucólicas de artistas ingleses do século 19. Baseado na obra de Thomas Hardy, o filme testemunha o alto domínio técnico do diretor.

Na Inglaterra vitoriana, a família Durbeyfield, de camponeses pobres, recebe a informação do parentesco com os nobres e ricos d'Urberville. A filha mais velha, a bela e ingênua Tess (Nastassja Kinski), é enviada para conversar com os supostos parentes. Acaba seduzida pelo “primo” Alec d'Urberville (Leigh Lawson).

Ao abandonar a mansão dos d'Urberville, Tess retorna à casa materna. Nasce e morre seu filho. A heroína busca trabalho em outro lugar. Conhece o jovem Angel Clare (Peter Firth), rico e idealista. Apaixonam-se. Casam-se. Tess contará o segredo ao marido? Qual será a reação? O receio a atormenta. Sofre. Perambula. É vilipendiada. O desespero a obriga a ato extremado.


Belas imagens marcam o filme, cuja protagonista é Nastassja Kinski

De forma primorosa, Polanski reconstrói uma época. O tempo de transformações, com a introdução do maquinário alterando as relações socioeconômicas, tornando o trabalho humano, no tempo da Revolução Industrial na Inglaterra – país pioneiro no novo método produtivo –, extremamente exaustivo. A carga de labor era de 10, 12, 14, 16 horas por dia, inclusive com o emprego de mão de obra infantil. Os salários, apenas o suficiente para a sobrevivência.

Tess venceu o Oscar em três categorias: Direção de Arte, Fotografia e Figurino.

O cineasta dedicou o longa à esposa Sharon Tate, brutalmente assassinada por seguidores da seita de Charles Manson. Assim como a película, este texto é dedicado à atriz. Para Sharon.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Homem que Matou o Facínora

O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, Estados Unidos, 1962) é dos títulos máximos do western. O filme, narrado em flashback,  tem direção, roteiro e interpretações de primeira. Com precisão, o mestre John Ford conduz a história e o elenco, formado por John Wayne, James Stewart, Lee Marvin, Lee Van Cleef e Vera Miles.

O recém-formado advogado Ransom Stoddard (Stewart) chega à pequena cidade de Shinbone. Ele acredita na força da lei. No caminho, os temidos bandidos Liberty Valance (Marvin) e Reese (Van Cleef) o espancam. Ferido e humilhado, começa a trabalhar no restaurante de Hallie (Vera), em troca de comida e moradia. Disputará o amor dela com o durão Tom Doniphon (Wayne).

Liberty Valance, o facínora, aparece no estabelecimento. Reconhece a vítima, provocando-a. Tom intervém, em apoio ao bom moço. A temperatura ferve. Mesmo contrário ao uso de armas, Stoddard terá de enfrentar Marvin.


Van Cleef, Marvin, Stewart e Wayne, em obra-prima de John Ford

Anos depois, quando retorna a Shinbone para o enterro de Tom, Stoddard, agora senador dos Estados Unidos, recorda e esclarece os acontecimentos. Sobretudo, quem afinal matou o facínora.

O longa foi um dos últimos trabalhos de Ford. Mais uma obra-prima do realizador de Rastros de Ódio (conferir postagem).

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lawrence da Arábia

Difícil mensurar e expressar as qualidades técnicas e plásticas de Lawrence da Arábia (Reino Unido, 1962). Antes, David Lean havia alcançado o sucesso com outra superprodução, A Ponto do Rio Kwai (1957).

Mas o filme sobre o militar britânico T. E. Lawrence, que partiu do Cairo para a Península Arábica a fim de fomentar a revolta contra o Império Otomano, atingiu patamar artístico ainda mais elevado. O épico tem elenco de prestígio: Peter O’Toole, Omar Sharif, Anthony Quinn, Alec Guinness e Claude Rains.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Lawrence (O’Toole) recebe a missão de unir as tribos árabes para que enfrentem os turcos. O objetivo do Exército de Sua Majestade é enfraquecer o poder de Istambul.  Oficial de ligação, Lawrence aos poucos se envolve culturalmente com os árabes, adquirindo hábitos de beduíno.


O'Toole vive o herói do deserto

Nessa viagem por terras longínquas, o britânico, cuja personalidade se reveste de indiscutível complexidade, se transforma em Lawrence da Arábia e conhece o sherif Ali ibn el-Kharish (Sharif), o príncipe Faiçal (Guinness), o líder tribal Auda abu Tayi (Quinn). Também experimenta a amizade, a lealdade e humilhação.

Grandes cenas marcam o longa. A travessia do deserto, autêntico feito de resistência física e mental. A sabotagem nas linhas férreas. A conquista da cidade litorânea de Aqaba. A sevícia turca. O massacre de tropas inimigas. A tomada de Damasco, evento que redunda na discórdia e no término da aliança entre os árabes.

A beleza das imagens, com a composição das cores extremamente elaborada, impressiona. O próprio deserto, com sua peculiar estética, funciona como autêntico “personagem” na trama.

Lawrence da Arábia arrebatou o Oscar em sete categorias. Entre elas, Melhor Filme e Melhor Direção.

Depois, Lean realizou Doutor Jivago (conferir postagem), A Filha de Ryan e Passagem para a Índia.

PS: Por falar em eventos do século 20, morreu hoje o grande historiador marxista britânico Eric Hobsbawm. Um grande intelectual e humanista.