Esse é o tema central do exuberante Narciso Negro (Reino Unido, 1947), realizado por Michael Powell e Emeric Pressburger. À testa do elenco, Deborah Kerr, estrela de A Um Passo da Eternidade, O Rei e Eu e Tarde Demais para Esquecer (conferir postagem em agosto). Também no cast, Jean Simmons (Spartacus), Kathleen Byron, Sabu (O Ladrão de Bagdá) e David Farrar.
Deborah interpreta a jovem irmã Clodagh, líder da missão. Para conservar a coesão do grupo, ela terá de enfrentar muitos problemas, desde as diferenças culturais até a multiplicidade de temperamentos das colegas de fé.
Mas o principal desafio nasce do contato com Mr. Dean (Farrar), inglês rude que vive no povoado. Ele desperta impulsos sexuais, inconfessáveis e intoleráveis para as religiosas. Chega ao ponto de a irmã Ruth (Kathleen) abandonar a ordem e se entregar ao homem.
O filme tem forte traço de erotismo latente. Duas cenas exemplificam. Sem camisa, Dean chega para falar com as freiras. Sutilmente, irmã Ruth coloca-se ao lado dele, observando-o lascivamente. Outra: despida do hábito e com vestido rubro, Ruth, frente a frente com Clodagh, coloca batom vermelho nos lábios – tomada realizada em plano detalhe.
Deborah Kerr (D) em filme com significativa carga erótica |
As imagens de Narciso Negro revelam alto domínio técnico e sensibilidade visual. Mais um sucesso cinematográfico de Michael Powell, co-diretor de O Ladrão de Bagdá (conferir postagem).