Num porto da costa americana, baleeiro é preparado para zarpar. À época, assim como hoje, a caça ao mamífero significava negócio altamente rentável, além de ser modo de vida de gerações de marinheiros. Tripulação escolhida, a população local ouve o poderoso sermão do reverendo Mapple, interpretado por Orson Welles – diretor e ator genial. Chega a hora de partir.
O capitão Ahab (Peck) demora a aparecer na tela. Percebe-se a presença do comandante unicamente pelo andar no interior do navio – sonoplastia simples e eficiente. Quando surge diante do espectador e da marujada, fica claro o motivo da raiva que alimenta por Moby Dick: mutilado em ataque da fera, Ahab não tem a perna esquerda. No lugar, o osso de uma baleia.
Com sangue e arpões, a guarnição, ante o ensandecido capitão, jura de morte o cetáceo. Velozes sequências de caça impressionam. Enquanto lida com o descontentamento dos subordinados, calor e tempestades, Ahab mantém-se firme no propósito. Sem dúvida, Moby Dick deve perecer, mesmo que para isso tenham todos o mesmo destino.
Gregory Peck interpreta o ensandecido capitão Ahab |
Ator, diretor e roteirista, John Huston gravou fundo seu nome na arte cinematográfica. Estreou na direção em 1941, ao lançar a obra-prima Relíquia Macabra (ou O Falcão Maltês). Novamente com Humphrey Bogart no elenco, dirigiu, em 1948, o próprio pai, Walter Huston, no inesquecível O Tesouro de Sierra Madre. Huston filmou como poucos os perdedores. O último trabalho à frente das câmeras ocorreu em 1987. Baseado em conto do irlandês James Joyce (1882-1941), Os Vivos e os Mortos é comovente reflexão sobre a morte.