O tema do duplo estrutura o trabalho. Em 1965, duas jovens, Brigitte e Brigitte, se conhecem em Paris. Aparentemente, são iguais: nomes, roupas, bagagens e objetivos. Ambas querem morar na capital e estudar na universidade de Sorbonne. Tornam-se amigas e dividem o apartamento. Juntas, perambulam pelos principais pontos turísticos da cidade.
Filme antecipa eventos da revolta estudantil de maio de 1968 |
Contudo, diferenças de fundo as distinguem. Brigitte (Colette) tem postura progressista. Brigitte (Françoise), arraigados preconceitos raciais. Historicamente, a sociedade francesa divide-se, grosso modo, em campos ideológicos opostos. Girondinos e jacobinos; monarquistas e republicanos; conservadores e democratas; comunistas e fascistas.
Moullet revela essa dinâmica em distintos momentos. Diante da instituição de ensino, as duas presenciam manifestações, com faixas e gritos, de estudantes ligados à esquerda e à direita. Outra cena emblemática: Brigitte (Françoise), completamente confusa, vota para presidente. Entre os nomes disponíveis nas cédulas de papel, o socialista François Mitterrand e o general nacionalista Charles de Gaulle.
A explosão libertária de 1968, antiautoritária, abalou o establishment francês. No filme, um dos personagens – acadêmico que frequenta mais o bar do que a sala de aula – afirma que os professores detestam a vanguarda. São esses professores que serão ridicularizados naquele maio revolucionário.