quarta-feira, 22 de maio de 2013

Gata em Teto de Zinco Quente

História visceral, Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, Estados Unidos, 1958), do diretor e roteirista Richard Brooks, retrata os dramas de uma infeliz família às voltas com a doença terminal do milionário patriarca. Adaptado da peça de Tennesse Williams, dramaturgo de primeira linha, o longa traz como protagonistas Elizabeth Taylor, Paul Newman e Burl Ives.

Cobiça, culpa, adultério e homossexualidade reprimida compõem o universo onde transitam intensos personagens. A censura americana, de cunho moralista, amenizou características centrais do texto de Williams.

A narrativa se passa na mansão do clã, no dia em que o Velho (Ives) completa 65 anos. A família esconde o diagnóstico de câncer avançado, o que provoca no doente o retorno do habitual temperamento dominador e autoritário. O primogênito Gooper (Jack Carson) e a mulher Mae (Madeleine Sherwood) não ocultam o desejo de se apossar, o quanto antes, da fortuna do rico proprietário de terras e ações. Para adulá-lo, Gooper e Mae produzem vários netos.

Newman vive o filho caçula – o predileto – Brick, famoso ex-jogador de futebol americano, que, com o tornozelo direito fraturado, anda de muleta praticamente todo o filme. Transformado em amargo alcoólatra, rejeita a esposa Maggie (Liz Taylor). Infeliz no casamento sem prole, a sexy Maggie tenta seduzir o agressivo e impotente marido. Sob o matrimônio pesa a sombra de Skipper, falecido colega de equipe de Brick. Há tênue, mas identificável, relação de fundo homossexual.


Newman e Liz Taylor têm interpretações marcantes em drama

As agressões verbais envolvendo Maggie e Brick se sucedem. A situação é delicada, como se Maggie fosse gata que andasse em teto de zinco quente. "Não vivemos juntos. Só dividimos a mesma jaula", afirma Liz Taylor. Saliente-se que os diálogos, junto às interpretações, são o forte da película.

As cenas-chave ocorrem entre Maggie e Brick e entre este e o pai. Ambos são incapazes de expressar o amor filial-paternal. O magnata construiu um império, deixando a família em segundo plano, o que revolta Brick.

Oriundo do jornalismo, Richard Brooks tinha senso crítico acurado. Realizou trabalhos de respeito. Os Irmãos Karamazov (1958), com Yul Brynner e Lee J. Cobb, é notável. Ao fim de cada gravação, não dizia "corta". Dizia "obrigado".

2 comentários:

  1. A par das interpretações sensacionais, uma sucessão absoluta de cenas incrivelmente bem construídas. Quando tu repara na beleza de uma, a próxima te joga ao chão.

    Grata pela indicação, Rahal. Foi uma excelente companhia a uma noite gelada de sexta-feira.

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  2. Legal. Filme inesquecível, sem dúvida.

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