quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Fúria

Justiça é o tema central de Fúria (Fury, Estados Unidos, 1936). O drama, dirigido por Fritz Lang – que havia deixado a Alemanha nazista –, marca o início da fase americana do realizador dos clássicos Metropolis (1927) e M, o Vampiro de Düsseldorf (1931). A interpretação de Spencer Tracy, no papel de Joe Wilson, faz jus ao grande astro de Hollywood. Cito de memória: em Cinema Paradiso, Alfredo diz uma frase que Spencer Tracy falou, se não me engano, em a Fúria.

Joe quer ganhar o dia a dia honestamente e casar-se com a doce Katherine Grant (Sylvia Sidney). Planos feitos, hora de juntar dinheiro. Às vésperas do matrimônio, o rumo da trama muda drasticamente quando o personagem de Spencer é preso, suspeito de participar do sequestro de uma garota.

A informação passa de boca em boca, de ouvido a ouvido, de fofoca a fofoca. Assume proporção gigantesca. Populares "respeitáveis", dispostos a fazer o que chamam de "justiça", se dirigem à delegacia de polícia onde o xerife mantém Joe detido. A turba quer linchar o homem.

Turba quer linchar o personagem vivido por Spencer Tracy 

Sedenta de liquidar o suposto criminoso, a multidão invade e coloca fogo no prédio, a fim de queimá-lo vivo. Acuado e desesperado na cela, Joe é alvo do vilipêndio da massa ensandecida, enquanto as chamas consomem o local protegido pelos agentes da lei. Todos pensam que ele morreu. Contudo, sobrevive e deseja vingança contra os moradores da pequena cidade.

Inocente ou culpado, a vítima do linchamento é vítima de delinquentes, de pessoas que romperam as normais legais. Qual é a justiça que se pretender construir e defender, pode-se perguntar a partir da película de Lang. A do Estado Democrático de Direito – conquista histórica da civilização ocidental – ou a de talião, a retaliação do dente por dente, olho por olho? Lang não deixa dúvidas.


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