quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Viridiana

Figura proeminente do movimento surrealista, o diretor espanhol Luis Buñuel construiu sólida carreira.  Conquistou fama internacional ao realizar trabalhos aclamados pelo público e crítica. Na lista, Um Cão Andaluz, A Idade do Ouro, Ensaio de Um Crime, A Bela da Tarde, Tristana. Entre os marcos, Viridiana (Espanha, 1961). A obra  dividiu a Palma de Ouro, prêmio para o melhor filme do Festival de Cannes, na França, com Uma Tão Longa Ausência, de Henri Colpi.

Surpreende o fato de o exilado Buñuel, intelectual republicano e anticlerical, ter permissão para gravar Viridiana na Espanha franquista. O regime, de extrema direita, proibiu a exibição do longa.

Antes de fazer os votos, a noviça Viridiana (Silvia Pinal) recebe a ordem da madre superiora de visitar o tio don Jaime (Fernando Rey), único parente vivo. Don Jaime logo se encanta com a beleza da sobrinha, muito parecida com sua falecida esposa. Quer que ela abandone a vida religiosa, permaneça na mansão e se case com ele. Chega a drogar a  jovem, a fim de alcança o objetivo.

Durante o trajeto de retorno ao convento,  Viridiana recebe a notícia da morte do pervertido sedutor. De posse da casa, alberga mendigos, dando-lhes comida, teto e labor. A "utopia" caridosa não surte o efeito desejado. A presença do filho de don Jaime, Jorge (Francisco Rabal), outro elemento da trama, desestrutura a vida e muda a sorte da personagem central.

Em plano memorável, Buñuel reproduz o afresco A Última Ceia

Os mendigos aproveitam a ausência de Viridiana e Jorge para promover orgia de gula, sexo e violência. No banquete dos humildes, no plano mais célebre e polêmico do longa, Buñuel reproduz o afresco A Última Ceia, de Leonardo da Vinci. Pode-se presumir o efeito da imagem na plateia do cinema. Viridiana é, por várias razões, um grande espetáculo.

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