Surpreende
o fato de o exilado Buñuel, intelectual republicano e anticlerical, ter
permissão para gravar Viridiana na Espanha franquista. O regime, de extrema
direita, proibiu a exibição do longa.
Antes
de fazer os votos, a noviça Viridiana (Silvia Pinal) recebe a ordem da madre
superiora de visitar o tio don Jaime (Fernando Rey), único parente vivo. Don
Jaime logo se encanta com a beleza da sobrinha, muito parecida com sua falecida
esposa. Quer que ela abandone a vida religiosa, permaneça na mansão e se case
com ele. Chega a drogar a jovem, a fim
de alcança o objetivo.
Durante o trajeto de retorno ao convento, Viridiana recebe a
notícia da morte do pervertido sedutor. De posse da casa, alberga mendigos,
dando-lhes comida, teto e labor. A "utopia" caridosa não surte o
efeito desejado. A presença do filho de don Jaime, Jorge (Francisco Rabal),
outro elemento da trama, desestrutura a vida e muda a sorte da personagem
central.
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Em plano memorável, Buñuel reproduz o afresco A Última Ceia |
Os mendigos aproveitam a ausência de Viridiana e Jorge para
promover orgia de gula, sexo e violência. No banquete dos humildes, no plano
mais célebre e polêmico do longa, Buñuel reproduz o afresco A Última Ceia, de
Leonardo da Vinci. Pode-se presumir o efeito da imagem na plateia do cinema.
Viridiana é, por várias razões, um grande espetáculo.
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