O processo de unificação italiana no século 19, no prisma da decadente aristocracia siciliana, é o tema da produção. O príncipe Fabrizio de Salina (Lancaster), O Leopardo do título, seu personagem central. Sob o olhar resignado de Fabrizio, a velha classe dominante perde espaço para a ascendente burguesia. Ele tem visão arguta da realidade: "As coisas devem mudar para continuarem as mesmas".
O sobrinho do nobre, o ambicioso Tancredi (Delon) – nobre arruinado –, junta-se, primeiro, às forças populares garibaldinas, depois, aos realistas. O príncipe aposta em Tancredi. Por isso, articula o casamento dele com a filha de um rico plebeu, a deslumbrante Angelica (Claudia). Vê-se a aliança de elites, a crepuscular e a emergente. Aquela, ávida por manter os valores tradicionais; esta, por ser aceita no seio dos expoentes do antigo regime.
Ancorado por erudição e apurado senso estético, Visconti oferece ao público o grande espetáculo. A música de Giuseppe Verdi e a pintura italiana oitocentista impregnam a película. A arte pictórica inspira inúmeros momentos do drama. Os quadros A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix, e Os Fuzilamentos de Três de Maio, de Francisco Goya, inspiram sequências da conquista de Palermo, em 1860. O retrato de Verdi realizado por Giovanni Boldini foi utilizado para compor a imagem do príncipe ao final do pomposo baile.
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Burt Lancaster e Claudia Cardinale valsam no filme |
A festa, que serve para a alta sociedade conhecer Angelica, representa o clímax do longa. A beleza da fotografia impressiona. Na reunião de todos os protagonistas, o passado e o futuro encontram-se.
Além de O Leopardo, Visconti rodou outras obras-primas. Rocco e Seus Irmãos (1960) e Morte em Veneza (1971) mostram o talento do cineasta.
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