Em Belíssima, Visconti critica as ilusões que a indústria do entretenimento cinematográfico produz. Anna interpreta Maddalena Cecconi, trabalhadora, casada e mãe da pequena Maria (Tina Apicella). Atrás de melhor futuro para a família – como tantas do pós-Segunda Guerra, em dificuldades financeiras –, ela inscreve a filha no concurso de artista mirim do Cinecittà, em Roma.
As vicissitudes da carreira são cansativas. Maria passa por bateria de testes, aulas de interpretação e de dança, sessão de fotos, demasiado esforço físico e emocional para a criança. Alberto Annovazzi (Walter Chiari), manhoso empregado de estúdio, interfere para que a aspirante possa conseguir o papel. Desde que ganhe algum dinheiro de Maddalena, alvo da volúpia do rapaz.
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Anna Magnani interpreta a mãe em busca do sucesso da filha |
A menina chora, enquanto a mãe, tomada pelo afã de atingir o objetivo, continua a batalha. Maddalena, que ama o cinema, sonha com a filha nas telas e com contrato milionário nas mãos. Durante uma cena, Maddalena assiste ao ar livre, ao lado do marido, a Rio Bravo (1948), western com John Wayne e Montgomery Clift.
Belíssima tem momentos cômicos, mas o tom central é o drama. Jamais serão esquecidas as lágrimas de Maddalena e Maria no clímax do longa. Os personagens vivem e sofrem as ilusões desfeitas.
O lado cruel da indústria cinematográfica foi finamente retratado, por exemplo, em Crepúsculo dos Deuses (1950), obra-prima de Billy Wilder. A utilização de atores que atuaram no auge da era muda transmite inigualável realismo à película. Gloria Swanson, Erich von Stroheim e Buster Keaton ressurgem para o espectador.
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