A
atual revolta árabe causa surpresa e expectativa. Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen,
Síria. O Oriente Médio permanece área de influência das grandes potências. Um
filme que ajuda a compreender esse quadro é O Leão do Deserto (Lion of the
Desert, Estados Unidos-Líbia, 1981), do sírio Moustapha Akkad. Baseado em fatos
verídicos, narra história da intervenção da Itália fascista na Líbia nas
primeiras décadas do século 20 e a resistência ao invasor.
O
astro Anthony Quinn interpreta Omar Mukhtar, comandante rebelde que, de 1911 a 1931, combateu os
italianos. Na década de 20, o sanguinário general Rodolfo Graziani (Oliver
Reed) é enviado ao país pelo ditador Benito Mussolini (Rod Steiger). Missão:
aniquilar o movimento popular, mesmo que para isso a população civil sofra
pesadas represálias. Estupros e assassinatos tornam-se rotineiros.
A
infantaria avança no deserto e nas montanhas. Tanques cruzam as terras líbias.
Avião lançam bombas. Insurgentes e civis morrem a dezenas, centenas. O caminho
da pacificação de Graziani é pavimentado por medo, fogo e destruição. O exército
duce, que mostrou ser pífio na Segunda Guerra Mundial, se impõe pela
superioridade das armas. Os árabes, com coragem e voluntarismo, combatem o opressor.
Duas
cenas impressionam pela qualidade de gravação e realismo. As tropas fascistas
penetram no interior do território, até o oásis de Kufra. Centenas de moradores
perdem a vida durante o bombardeio e nas execuções sumárias. A área é limpa
para que Graziani ostente pompa sobre os cadáveres. Em outra cena, as táticas
árabes dão certo e os italianos caem em uma emboscada. O leão do deserto, Omar
Mukhtar, surpreende o inimigo.
![]() |
Anthony Quinn (centro) volta a interpretar um líder árabe |
Impossível não recordar de Lawrence da Arábia (1962), no
qual Anthony Quinn vive o líder tribal Auda abu Tayi. No épico do cineasta
David Lean, o Império Otomano, em rápido declínio, cede espaço para as
potências imperialistas europeias durante Primeira Guerra Mundial. Outra película que traz diálogo do passado com o presente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário