segunda-feira, 29 de abril de 2013

20.000 Mil Léguas Submarinas

A versão do diretor Richard Fleischer para 20.000 Mil Léguas Submarinas (20.000 Leagues Under the Sea, Estados Unidos, 1954) faz jus ao clássico de ficção científica escrito por Júlio Verne (1828-1905). Produzido pelos Estúdios Disney, protagonizam o filme Kirk Douglas, James Mason, Paul Lukas e Peter Lorre.

Em 1868, ataques misteriosos contra navios provocam especulações e acaloradas discussões. Muitos apontam um monstro marinho como o responsável pelos afundamentos. A marinha de guerra americana envia uma expedição para solucionar o enigma. A belonave conduz o naturalista francês professor Pierre Aronnax (Lukas), o criado Conseil (Lorre) e o expansivo arpoador Ned Land (Kirk).

A "fera" chama-se Náutilus, o submarino comandado pelo frio e enigmático capitão Nemo (Mason). Movido a eletricidade, representa fabulosa criação de engenharia. O Náutilus põe a pique o barco inimigo. Apenas Aronnax, Conseil e Ned sobrevivem. Salvos por Nemo, passam a viver sob as ordens do implacável oficial.


Adaptação cinematográfica faz jus ao livro de Júlio Verne

Aronnax fica encantado com o novo mundo, descobrindo nele vasto campo de pesquisa. Também quer saber qual o motivo que leva Nemo a agir assim. Ao contrário do cientista, Ned sabe que o veículo não passa de uma prisão de luxo. A própria comida, derivada exclusivamente de fontes marinhas, causa repulsa a Ned. A partir daí, a fuga, por mais perigosa que seja, torna-se prioritária.

O longa tem cenas memoráveis. O enterro aquático; a colheita e pesca ao redor da ilha submersa – pela primeira vez, os heróis caminham sobre o leito do mar; o combate contra o polvo gigante. Kirk e Manson, sobretudo, oferecem ao espectador um forte duelo de interpretação.

Obras de Verne renderam outras ótimas películas na década de 50. A Volta ao Mundo em  80 Dias (1956), com David Niven, Cantinflas e grande elenco, e Viagem ao Centro da Terra (1959), com James Mason, demonstram a assertiva.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vera Cruz

Vera Cruz (Estados Unidos, 1954) é obra-prima do western. Estrelado por Gary Cooper e Burt Lancaster e dirigido por Robert Aldrich, de Os Doze Condenados (1967), o filme constitui marco do gênero. Nele percebe-se o quão tumultuada foi a história mexicana no século 19. Completam o elenco Cesar Romero, Ernest Borgnine, Sarita Montiel e Charles Bronson (nos créditos, Charles Buchinsky).

Depois da Guerra Civil Americana (1861-1865), ex-militares viajam ao México atrás de fortuna. Entre eles, o arruinado sulista Ben Trane (Cooper). À época, o país, sob ocupação de forças francesas, vivia em conflito. De um lado, os rebeldes partidários de Benito Juárez; de outro, as tropas do imperador Fernando Maximiliano. Nesse contexto, Ben encontra-se com o inescrupuloso Joe Erin (Burt) e seu bando.


Gary Cooper e Burt Lancaster atuam em clássico do western

Os mercenários americanos, a soldo dos monarquistas, recebem a missão de conduzir a condessa Marie Duvarre (Denise Darcel) até o porto de Veracruz, de onde partirá a Paris. Eles suspeitam – assim como os juaristas – que escoltam mais do que a bela mulher. Envolvem-se em jogos de traição e com o perigo constante da morte. No fundo, Ben e Joe são homens diferentes. E diferentes, os destinos.

Jean Tulard, em Dicionário de Cinema - Os Diretores, observa que diferentes culturas confluem no longa. Sequências mostram pirâmides astecas, o povo mexicano, o aventureiro americano e o colonizador europeu.

O personagem de Bronson, Pittsburgh, toca harmônica. Em Era Uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone, Bronson é chamado pelo nome do instrumento. Após atuar em Vera Cruz, Burt Lancaster realizou, em 1955, um dos seus dois únicos trabalhos como diretor: Homem Até o Fim. Bom western.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Sete Dias de Maio

Burt Lancaster, Kirk Douglas, Ava Gardner e Guerra Fria combinam-se no excelente Sete Dias de Maio (Seven Days in May, Estados Unidos, 1964), do diretor John Frankenheimer. O drama, em que a tensão entre os blocos soviético e capitalista é o pano de fundo, põe os dois grandes atores em situação conflitante.

Na ficção política construída pelo cineasta, o presidente norte-americano Jordan Lyman (Fredric March) está com a popularidade em baixa. Ele assina com a União Soviética um tratado de redução do armamento nuclear. O fato desencadeia série de críticas contra Lyman, que, segundo falcões do Pentágono, teria colocado a segurança do país em risco.

Um movimento conspiratório começa a tomar corpo. O líder: general James Mattoon Scott (Burt). A ideia, típica do golpismo castrense, é clara. Scott e outros altos oficiais pretendem sequestrar o governante e tomar o poder. Para isso, organizam uma unidade de combate secreta. 

O auxiliar de Scott, coronel Martin "Jiggs" Casey, interpretado por Kirk Douglas, desconfia do plano. Ele avisa as autoridades civis de Washington, que buscam, durante sete dias de março, neutralizar  a quartelada. A fim de evitar a rebelião, "Jiggs" assume o papel de informante. Inclusive, se aproxima da ex-amante de Scott  Eleanor Holbrook (Ava) para obter informações úteis.


Burt Lancaster e Kirk Douglas estão juntos em drama político

O filme defende o respeito à Constituição e à democracia liberal, elementos caros à história estadunidense. Curiosamente, no ano de realização da película, 1964, a Casa Branca apoiou os militares brasileiros – por sua vez apoiados por setores civis – que derrubaram o governo legítimo de João Goulart.

Antes de rodar Sete Dias de Maio, Frankenheimer trabalhou, em 1962, com Burt Lancaster no notável O Homem de Alcatraz. A narrativa, que conta a vida de um condenado à prisão perpétua que se especializa no estudo de pássaros, alcançou grande sucesso.