quarta-feira, 6 de março de 2013

A Paixão de Joana d'Arc

O drama A Paixão de Joana d'Arc (La Passion de Jeanne d'Arc, França, 1928) mantém-se vivo como um dos grandes monumentos do cinema. Dirigido com maestria pelo dinamarquês Carl Theodor Dreyer, narra o julgamento e a morte na fogueira, em 1431, da heroína e padroeira da França. Direção, roteiro, fotografia e atuações, sobretudo a da atriz Renée Jeanne Falconetti, impressionam. O poeta e dramaturgo Antonin Artaud participa do elenco.

Durante a Guerra dos Cem Anos (1337 a 1453), a jovem mística Joana d'Arc comanda exércitos franceses contra os invasores ingleses. Capturada, entregue aos inimigos, é submetida a um tribunal da Igreja Católica, sob a acusação de heresia – a obra focaliza exclusivamente o processo eclesiástico.

Vestida com roupas masculinas, Joana d'Arc (Renée) surge ante o colegiado de juízes. As visões alegadas pela ré são questionadas por teólogos e padres. Eles querem que confesse a influência de Satanás. O emprego sistemático do primeiro plano, com o enquadramento dos rostos, proporciona profunda expressividade à película.  Outros momentos sensibilizam o espectador: a apresentação dos instrumentos de tortura, as humilhações na cela, a execução da pena.


Atriz Renée Jeanne Falconetti tem atuação memorável

Do ponto de vista político, a direita francesa utilizou a história da Donzela de Orléans, como também é conhecida, a seu favor. Para muitos dessa ideologia, simboliza o nacionalismo, o sentimento patriótico.

Dreyer não foi o único cineasta a retratar a vida da santa. Em 1948, Victor Fleming rodou Joana d'Arc, com Ingrid Bergman. Robert Bresson dirigiu O Processo de Joana d'Arc, em 1962, com Florence Delay. Milla Jovovich protagonizou Joana d'Arc de Luc Besson, em 1999.

PS: A primeira vez que vi A Paixão de Joana d'Arc foi com minha mãe, no lar. Agora, tive o prazer de revê-lo, no CineBancários, em Porto Alegre, com meu pai.

3 comentários:

  1. A PAIXÃO DE JOANA D'ARC. Sem sombra de dúvidas nos mostra a loucura de pessoas cegas pelo fanatismo. Como também a coragem de uma jovem, que prefere morrer na fogueira do trair que suas convicções patrióticas e também religiosas.Quase 500 se passaram para a mesma Religião que a condenara reconhecesse o mal a mesma causado.Infelizmente já passaram mais de 600 anos da Morte da Jovem. Ainda existe obscurantismo no seio da maior parte das religiões. ABDALAH IBN SAID ABU ISRAIL.

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  2. O filme carrega vários significados. Como tratar o monopólio da verdade? O povo, por exemplo, não aceitou passivamente o desfecho, revoltando-se contra as autoridades. De qualquer modo, o filme de Dreyer é a melhor versão sobre a histórica personagem.

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  3. Um dos melhores filmes do gênero, provavelmente um dos precursores na questão da tomada em primeiro plano, com muitos enquadramentos. Esse é um filme indispensável para qualquer cinéfilo. A atuação da Renée é a melhor entre todas que representaram Jeanne d'Arc posteriormente. Abraços, Malinoski.

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