No longa de Risi, Gassman interpreta o capitão Fausto, militar que fica cego após um acidente explosivo. Irascível, o personagem não tolera piedade e discordância. O jovem soldado Giovanni Bertazzi (Alessandro Momo), o Ciccio, torna-se o novo auxiliar do oficial. Ciccio acompanha Fausto em viagem a Gênova e Roma, onde compromissos pessoais inadiáveis aguardam o capitão.
A jornada envolve situações hilárias. Com muito uísque – 12 anos, claro – e tabaco, Fausto assusta o contido Ciccio, não acostumado ao peculiar humor daquele. Insulta desconhecidos pelo caminho, na cabine do trem ou no bordel. O capitão procura prostitutas de determinadas características e medidas – gosta de morenas opulentas. O cheiro da fêmea, o perfume da mulher o atiça. Dinheiro não é problema, afinal tem e é generoso com o metal.
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Gassman mostra seu talento em filme de Dino Risi |
Celebração da vida, talvez da morte, Perfume de Mulher proporciona reflexão. Fausto, como ele mesmo diz, é carta inexistente, carta que não cabe no baralho. Ele se sente um homem desajustado, "inválido", alheio à sociedade que privilegia a imagem em detrimento do som, o sol ao invés da chuva. Nada que o faça abondonar alegrias da vida, como o festim e o sexo. Mas não falta a Fausto, filósofo à sua maneira, a melancolia do que passou e poderia ter sido.
A atuação sensacional de Gassman – um dos nomes mais populares do cinema italiano – rendeu a estatueta de melhor ator no Festival de Cannes de 1975. No ano seguinte, a obra arrebatou o prêmio César de melhor filme estrangeiro. Vale a pena comparar as duas versões da história.
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