segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Scarface (primeira versão)

Clássico filme de gângsteres, Scarface (Estados Unidos, 1932), com direção de Howard Hawks e roteiro de Ben Hecht, provocou forte reação no público. Inspirado na vida de Al Capone, a trama retrata o domínio do crime organizado sobre a sociedade americana. Na abertura do longa, o espectador é advertido de que a obra consiste em crítica à inércia do governo diante do problema. Paul Muni (A Vida de Émile Zola e A História de Louis Pasteur) dá corpo a Tony Camonte, o frio, violento e incestuoso personagem-título. Também no elenco, Boris Karloff.

Na explosiva Chicago do fim dos anos 1920 e início da década seguinte (época da Lei Seca), delinquentes controlam o comércio ilegal de bebidas alcoólicas. O ítalo-americano Scarface, em começo de carreira, integra o baixo escalão de uma das gangues que age no ramo. Rapidamente, Scarface ("Cara de Cicatriz") – apelido íntimo de Al Capone – ascende no grupo.

Com brutalidade, audácia, tiros e socos, o ambicioso anti-herói assume o comando da quadrilha. Nessa guerra interna, conquista, além do posto, a mulher do chefe.

A mudança de posição na hierarquia coincide com a posse da submetralhadora portátil modelo Thompson M1928, que "varre os inimigos". Scarface reconhece nessa arma fonte de poder. "O poder político nasce do fuzil", salientou, em 1938, o líder comunista chinês Mao Tsé-Tung.


Paul Muni (C) interpreta o personagem-título do filme de Hawks

Baseado em fatos reais, a película tem cenas memoráveis. Como o emblemático Massacre do Dia de São Valentim, em 1929. Nesse dia, sete homens de um bando rival de Al Capone foram fuzilados. Na comédia Quanto Mais Quente Melhor (1959), de Billy Wilder, os músicos interpretados por Tony Curtis e Jack Lemmon testemunham o evento, o que provoca a fuga da dupla.

Em 1983, Brian De Palma realizou o remake de Scarface. No papel central, Al Pacino. O trabalho de De Palma, dedicado a Hawks e Hecht, tem traços bem distintos do original. Naquele, Al Pacino vive um emigrado cubano, contrário ao regime socialista da ilha, que chega aos Estados Unidos para vencer no tráfico de cocaína.

A primeira versão de Scarface permanece, depois de tanto tempo, um intocável marco cinematográfico do gênero policial.

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