Com direção de Lima Barreto e diálogos da escritora Raquel de Queiroz, a obra é inspirada na figura de Virgulino Ferreira da Silva, o lendário bandido Lampião, o Rei do Cangaço. Produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, transformou-se em grande sucesso de bilheteria. Repercutiu no vestuário de muitos jovens, mesmo que distantes geograficamente do imaginário nordestino – as gravações, aliás, ocorreram em Vargem Grande do Sul, município do Estado de São Paulo.
As sequências iniciais indicam influência direta do western. O bando do capitão Galdino (Milton Ribeiro), a galope, invade um vilarejo. De posse do lugar, saqueia e enforca "macacos" (gíria local para policiais). Cruel e religioso, Galdino pratica justiça. Mostra a todos – integrantes ou não do grupo – a autoridade que tem.
Na fuga, os criminosos sequestram a bela professora Olívia (Marisa Prado). A presença de Olívia gera tensão no acampamento. Provoca ciúmes e lascívia. O taciturno Teodoro (Alberto Ruschel), homem de confiança de Galdino, apaixona-se pela jovem e resolve escapar com ela. O amor nasce, qual o cacto na terra seca.
![]() |
Ator Milton Ribeiro (E) interpreta personagem inspirado em Lampião |
O chefe não perdoa a afronta. Numa caçada brutal e implacável, concentra os esforços na captura dos dois. Não haverá perdão ao traidor, promete Galdino. O desfecho da história é digno de mestres do gênero como John Ford e Howard Hawks.
O trabalho de Lima Barreto arrebatou os prêmios de Melhor Filme de Aventura e de Melhor Trilha Sonora no Festival de Cinema de Cannes, na França. A principal canção de O Cangaceiro, Mulher Rendeira, alcançou grande popularidade. Participam o elenco desse clássico imperdível os cantores Vanja Orico (Maria) e Adoniran Barbosa (Mané Mole).
O CANGACEIRO. Filme que assisti em Santa Maria no ano de 1955, quando tinha eu 15 anos de idade, no antigo Cine Imperial. Hoje infelizmente não mais existe cedendo lugar à alta tecnologia, que permite assistirmos bons filmes sem sairmos de nossos lares. Lembro-me da influência daquele filme sobre as pessoas principalmente nas mais humildes. A Trilha Sonora MULHER RENDEIRA era cantada nos bailes que acontecia nos lares de muita gente. Naquela época era comum se fazer bailes para comemorar aniversários e casamentos e nesses eventos, mais familiares do que públicos, se cantava MULHER RENDEIRA. Devo ressaltar que tais bailes eram realizados nas periferias, em lares de pessoas humildes. Porque a ELITE tinha seus clubes em Santa Maria, CAIXERAL e COMERCIAL na época. Nós os proletários usávamos CHAPÉUS DE PALHA, com a aba da frente levantada, com três estrelas desenhadas. Era Nosso Mundo de fantasia restrito às vilas ou bairros.Mas que bons tempos, que não voltam mais. ABDALAH IBN SAID ABU ISRAIL.
ResponderExcluirBelo testemunho de uma época. Emocionante. Israil ibn Abdalah
ResponderExcluir