Ator
e diretor genial, Orson Welles realizou, com poucos recursos financeiros,
espetacular versão de Otelo, (Estados Unidos-França-Itália-Marrocos, 1952),
aclamada tragédia de William Shakespeare. Quatro anos antes, havia fracassado
com outro trabalho do dramaturgo inglês, Macbeth.
Otelo,
o Mouro de Veneza, é uma história de inveja, ciúme, fúria e assassinato. Dessa
combinação, nasce a desgraça.
Welles
interpreta Otelo, general a serviço do governo veneziano. Casado com a bonita e leal Desdêmona (Suzanne
Cloutier), sucumbe às artimanhas do alferes Iago (Micheál Mac Liammóir).
Personagem maléfico, que se sente desprestigiado por Otelo, Iago deseja
ascender na carreira militar. Não medirá esforços para concretizar o objetivo.
Iago
construirá intrigas, induzindo e instigando Otelo a castigar Desdêmona por
suposta traição com o tenente Cássio (Michael Laurence). Hábil e inteligente, sabe
manipular a fraqueza humana. Sabe que o mouro não suporta a ideia do adultério.
Sabe que a honra ofendida, na visão daquele homem e daquela sociedade, exige a
morte da esposa.
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Otelo e Desdêmona, casal trágico |
Welles mantém a força do texto shakespeariano. Fotografia, sonoplastia, roteiro, direção e atuações excepcionais transformaram o filme em obra referencial. Ignorado nos Estados Unidos à época da exibição, recebeu, em 1952, o Grande Prêmio do Festival de Cannes, na França.
Deve-se dizer, en passant, que as sequências iniciais de
Otelo lembram a cena final do Hamlet de Laurence Olivier.
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