segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ran


Mestre do cinema nipônico, Akira Kurosawa realizou peculiar adaptação da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare. Ran (França-Japão, 1985), de imagens esplêndidas, é um trabalho de forte carga humanista.

No Japão feudal, o idoso senhor da guerra Hidetora Ichimonji (Tatsuya Nakadai) decide repartir seus domínios entre os três filhos – no livro, são filhas. Insuflados pela nova perspectiva, Taro e Jiro, os mais velhos, aceitam o legado. Saburo, o caçula, rejeita a divisão. Ele aponta que o ato colocaria em risco a segurança do pai. Após discussão, Hidetora bane Saburo.

Logo, o temor do benjamim se concretiza. Preocupados com a influência que o ancião ainda exerce, os desleais Taro e Jiro vão retirar os símbolos de dignidade de Hidetora, levando-o à loucura. Ambos lutarão pelo poder no clã.

O exilado Saburo, único a amar o pai, enfrentará riscos para salvar Hidetora. Sem lar e senil, o antigo samurai vaga sem destino certo, acompanhado pelo bobo da corte. Triste velhice de um homem abandonado.

Kurosawa realizou bela versão de Rei Lear

As cenas de batalha são sensacionais. Momentos de ação e de grande dramaticidade se alternam. Com sonoplastia e enquadramento perfeitos, Kurosawa mostra todo o vigor de sua arte. A aguda preocupação com as cores é traço marcante na obra. O longa recebeu o Oscar de Melhor Figurino em 1986.

A postagem sobre Ran encerra esse ciclo sobre cinema e Shakespeare. Futuramente, o blog analisará duas versões para a tela grande de outra notável tragédia shakespeariana, Macbeth. Os dois filmes: Macbeth - Reinado de Sangue, de Orson Welles, e A Tragédia de Macbeth, de Roman Polanski.         
 

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